VOCÊ SABE ESPERAR?

Parece ser lugar comum, mas não basta simplesmente se declarar cristão ou membro de uma comunidade e tudo está devidamente explicado e definido.

Existem tonalidades que definem nossa maneira de viver a fé que abraçamos.

Existem modelos de seguimento que nos ajudam a entender o porque estamos na estrada de Jesus.

Existe uma necessidade de busca pelo sentido e pelo significado dos gestos, palavras e principalmente ações.

Grosso modo, os tipos variam muito de acordo com nosso lugar social, nossos valores e principalmente nosso histórico de seguimento. Mas são inúmeros os modos que cada um fazemos essa jornada noite adentro em busca da chegada da aurora...

Mateus conta no seu evangelho (25, 1- 13) a parábola das jovens previdentes e daquelas imprevidentes. Divide o grupo de dez em dois dizendo que ambos foram convidados para a festa do casamento e ambos os grupos tiveram tempo para se preparar para a festança.

Um grupo animado com tudo o que iria viver, sai para a espera do noivo achando que o tempo seria curto e portanto, bastaria o óleo que tinha trazido nas lamparinas. O noivo não avisava a hora da sua chegada e isso gerava expectativa para quem o esperasse criando assim o clima do banquete.

Já o outro grupo, atento e perceptivo, pensa que pode haver atraso e seria sensato abastecer-se de óleo extra. Caso aconteça algum imprevisto, conseguirá manter chama da alegria e da espera acesa.

O resto da história todos sabemos: o noivo se atrasa, falta óleo ao primeiro grupo que logo solicita das irmãs uma partilha do mesmo. A resposta pode parecer um pouco egoísta num primeiro momento, mas sabemos que é sensata: NÃO PODEMOS DIVIDIR PORQUE PODE SER QUE A DEMORA SEJA MAIOR E FALTARÁ PARA NOS E PARA VÓS.

Caso decidamos parar a meditação por aqui, poderíamos inferir algumas definições de cristão:

> o cristão que não raciocina sobre sua expectativa e vive do imediato;

> o cristão que não assume sua própria vocação e fica na dependência única e exclusivamente do "noivo" sem demonstrar seu compromisso;

> o cristão que quer se apoiar no outro como quem suga o que o outro busca construir e assumir para si;

> o cristão que não observa os sinais dos tempos;

> o cristão que acha que basta os ensinamentos que recebeu de criança e nunca mais se aprimora para alimentar sua espiritualidade, seu conhecimento da graça, sua participação na pastoral;

> o cristão que diz que espera mas sente-se no direito de definir o dia e a hora e se esquece que o Senhor virá quando julgar que deve vir...

Basta uma rápida olhada na própria vida e veremos que estamos muitas vezes em alguma dessas categorias...

Mas se formos adiante na reflexão do texto veremos algo a mais acerca de nossa conduta:

> o que revela de nós adesão a Cristo não é justamente a esperança que não decepciona? porque então não alimentamos a expectativa desse encontro com Ele?

> quanto de nós está realmente envolvido e acreditando no encontro com o noivo?

> temos a fantasia de poder ir de carona na fé dos outros?

> o que fazemos do tempo de espera que nos foi dado? é uma espera passiva e incrédula ou ativa e generosa que busca viver o processo com alegria e esperança?

O problema é que somos filhos de uma fé passiva. Fomos a ensinados a ficar aguardando o Senhor como quem tem medo e se sente incapaz de fazer qualquer coisa que fuja da sua estrita obrigação.

Esse modelo, além de perigoso e cruel, não revela nosso amor e esperança de ver o Senhor.

Feliz quem busca durante a espera alimentar a chama da sua fé e se dedica a esperar ativamente sabendo que Ele vem e ficar atento e disponível é sempre o melhor gesto de amor.

Fiquem bem.