APRENDER COM O PAI

Nossa tendência instintiva e eu diria, também cultural, é sempre fazer multiplicar nossas posses, nossos bens e as benesses que podemos ter.

Natural ou não, é assim que somos e em princípio isso não seria problema.

A questão é que tendemos a filtrar esse instinto e agir de acordo com nossos interesses mais mesquinhos quando não nos interessa fazer isso e estender os lucros a outrem.

Explico.

Não é estranho um acordo nupcial que muitos ricos e famosos fazem e, mesmo antes de se casarem, estabelecem cláusulas que faz o outro perder algo caso haja desmérito de uma das partes? Acho isso sempre assustador, por mais que racionalmente saiba que isso impede uma série de outros problemas. No entanto, convencionar o amor aos fatores do insucesso me parece muito sádico.

Outro exemplo.

Não é extremamente absurdo alguém que pense assim: VAI ACABAR A ÁGUA POTÁVEL EM 2035 E EU JÁ NÃO ESTAREI MAIS AQUI MESMO...

Pois não duvidem, se não no estrito exemplo dado, mas esse pensamento horrível corre muitas consciências.

Mas pensemos algo sobre nossa relação com Deus.

Não gostamos de um Deus generoso e cheio de compaixão com nossas fraquezas? Sim, gostamos e esperamos que Ele seja assim. Mas quando se trata de fazer o que Ele nos pediu o que dizemos? Ah, mas isso não é comigo, é lá com Ele e eu não sou santo não. Bateu em mim levou na hora...

Fiquei pensando em tudo isso hoje pela manhã enquanto visitava um doente no hospital e via ali algumas situações de sofrimento puro e simples, desatenção e descaso e falta de empatia com a dor do outro.

Para minha surpresa, chegando na Igreja, sentei-me para meditar o evangelho de hoje e B I N G O... parábola dos talentos.

O texto (Mt 25, 14- 30) é cheio de possíveis interpretações, todas necessárias e ricas. Mas escolhi pensar sob a ótica daquele que esconde o talento por puro egoísmo e comodismo: SABIA QUE O SENHOR É IMPLACÁVEL E PORTANTO, NÃO QUIS CORRER O RISCO DE PERDER...

Os outros foram elogiados pelo senhor que voltou de viagem e pediu contas das moedas dadas não pelos valores arrecadados. Mas pelo exercício de fazer frutificar o que receberam. Esforçaram-se para aprender a fazer valer a pena o capital do seu patrão.

Esse exercício de esforçar-se para multiplicar o bem que o Pai nos dá é o que faz a vida valer a pena.

Ninguém nasce santo e acabado. Aprendemos a fazer o nosso melhor porque recebemos a graça (=o talento) daquilo que o Pai aposta ser o bem maior.

O problema desse último que se fecha, fica imóvel e enterra o dom recebido é a sua falta de confiança...

Não confia que pode aprender a ser bom.

Não confia que pode melhorar.

Não confia que a graça o apoia.

Não confia que se fracassar terá ainda o amor do Pai.

Se esconde e prefere ficar na defensiva: NÃO VOU NEM TENTAR PORQUE SEI QUE DEUS É RUIM E VAI ME COBRAR .

Cruelmente diz: SEI QUE COLHES ONDE NÃO PLANTOU E CEIFAS ONDE NÃO SEMEASTE.

Prefere romper com o Pai do que se dedicar a aprender com o Pai.

E se fracassasse?

O texto não diz o que aconteceria. Mas você deve ter uma resposta a essa pergunta não tem???

Resultado de imagem para parabola dos talentos

Fiquem bem.

Comentários

  1. Na medida que colocamos os dons e talentos que recebemos de Deus em ação. Ele nos capacita cada vez mais, em nossas fraquezas, nos fortalece e nos impulsiona ao compromisso que ele nos confiou em favor do próximo, em favor da vida!

    ResponderExcluir
  2. Jesus não pede p conservarmos a sua graça em um cofre,...e sim fazer circular em nossa vida...nas relações...nas situações concretas...que purificam que renovam...Não deixemos nos enganar..
    pelo medo de fazer multiplicar o bem que recebemos..Vamos retribuir confiança com confiança!!!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

TEMPO NOVO

COMO CRIANÇAS