ONDE ESTÁ NOSSA ALEGRIA?

O Papa Francisco logo após ter sido eleito para dar visibilidade da unidade da Igreja escreveu a encíclica ALEGRIA DO EVANGELHO. Nada mais pertinente para se começar a missão de Pedro lembrando à Igreja da necessidade de se encontrar nas páginas do Evangelho o sentido para se ter e dar alegria ao mundo.

Ele inicia sua escrita com "1. A ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria. Quero, com esta Exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos a fim de os convidar para uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria e indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos."

Lembro-me de estar nas comunidades indígenas quando, por orientação da diocese, fazíamos encontros para apresentar o novo texto. E me dá muita satisfação lembrar do modo como essas palavras chegavam ao coração daquelas comunidades. Não sei dizer ao certo se elas apresentavam uma plena concordância e vibravam com aquilo porque eu queria ver isso nelas ou se realmente estavam encontrando sentido para uma cultura que valoriza a alegria do encontro, da partilha e das coisas simples como de fato eram...

Essa experiência trago comigo como uma riqueza danada.

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E modestamente falando, considero um acerto o Papa |Francisco ter começado essa conversa chamando sua Igreja à alegria de ser de Cristo. Não a alegria superficial de sorrisos e amenidades. Mas uma alegria que move interiormente a irmos ao encontro do outro e do mundo sabedores de que Deus age para gerar esperança e vida em tudo e todos.

O texto que lemos na liturgia de hoje (Lc 7, 31- 35) é um grande motivador dessa experiência.

Jesus se pergunta com quem deveria comparar a geração que o ouvia e o seguia: ouve flauta e não dança, ouve lamentação e não chora....

Para aqueles do seu tempo a questão era: nada os motivava a querer ir além, a buscar um sentido pleno para suas vidas e encontrar um lugar para o serviço e a entrega.

Para a nossa geração parece que estamos mortificados: nada mais nos diz respeito, nada mais nos faz vibrar, nada mais nos faz querer viver a alegria do evangelho...

Tristemente, ficamos reclamando de tudo e caímos no jogo sórdido das redes sociais e meios de comunicação que vem desgraça e sofrimento e mentira em tudo. Acabamos por desconsiderar a possibilidade de existir pessoas boas, bem intencionadas e acreditar nos projetos que realmente podem mudar a vida das pessoas.

Somos capazes de juntar uma multidão para salvar uma baleia encalhada (e isso é vibrante) mas não temos nada a ver com a dor de quem encalhou nas próprias feridas e insucessos.

Consideramos o mundo apenas como um eco da nossa própria voz.

Não estamos a caminho.

Não estamos indo ao encontro.

Não aceitamos a ideia de que estender a mão pode ser sinal de reconciliação.

A quem devemos comparar nossa geração???

E eu, o que me move? O que me faz sair da cama todas as manhãs? O que me anima para estar com os outros? Qual a alegria verdadeira que gera em mim ânimo e confiança?

Podemos estar como os contemporâneos de Jesus: ouvindo boa música e não sendo capaz de sequer de mover os pés em sinal de alegria...

Que triste...

Fiquem bem. 

Comentários

  1. Bom dia! Primeiro quero dizer que vc é uma pessoa alegre, mesmo falando sério, acha um jeito de tirar alguns sorrisos.Por isso acho animado com seu pastorio/// Penso que estamos com a mente presa, nao olhamos em nosso redor, nao vemos(ou fingimos nao ver) o sofrimento ou a alegria do outro....parece que vivemos só. ..tudo escapa dos nossos olhos...triste.

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  2. Realmente as pessoas estão muito frias em relação a dor do outro...
    Como disse o Papa Francisco as pessoas tratam melhor seus animais de estimação do que seu próprio vizinho!!!
    Vemos o que ocorre com os refugiados tb...é cruel demais!!! Nem os animais fariam isso!!!

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  3. Não sei se vejo nossa geração com tanto pessimismo. Na verdade acho que existe alegria, porém pautada em momentos e coisas superficiais, acho que existe boa vontade e amor ao próximo, mas falta mais atitude. E isso é resultado de uma geração que não conhece o projeto de Jesus. Portanto cabe a nós levar a eles a Sua palavra e exemplo com alegria e amor!

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