A AÇÃO DE DEUS NÃO PODE SER FANTASIOSA

Todos nós temos algumas fantasias acerca do modo como Deus pode e deveria agir em nossas vidas. Formados que somos na ação imediata das coisas, sempre pensamos (nem sempre falamos) que em determinadas situações Ele deveria ser eficaz do jeito que nos tirasse da dor e do sofrimento imediatamente. Ajudam a sedimentar essas fantasias testemunhos e pregações que incentivam a espera passiva da realização desses desejos.

É bom que se diga: nenhuma intervenção de Deus na história humana é apenas para o imediato ou para saciar nossos desejos de menos sofrimentos e mais alegrias.

Toda vez que Deus age, Ele o faz para projetar nosso momento específico dentro de um quadro maior e mais amplo onde podemos descobrir e viver outras coisas que nem sempre nos damos conta.

Vejamos o texto do evangelho de hoje (Lc 7, 11- 17).

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Jesus está entrando na cidade de Naim e se encontra com um grupo de pessoas que vão enterrar um jovem. Sua mãe já viúva, chora desconsoladamente.

Não é preciso muito esforço para ler as entrelinhas da cena:

> a mulher já era viúva e portanto, já sofria com o preconceito que abatia sobre mulheres sozinhas ou que ousavam viver mais que seus maridos;

> tinha um único filho e este, ainda jovem, também morre;

> o que será que se passa pela cabeça e coração dessa mulher???

Naturalmente ela queria uma solução mágica que a tirasse daquela situação ruim e estressante.

Jesus se aproxima como um desconhecido e lendo aquela situação, atua... Mas atua para devolver o filho simplesmente à mulher como se fosse um brinde?

Não.

Ele atua chamando a atenção de todos para outras possibilidades que todos podem ter e fazer para evitar que o sofrimento continue.

Primeiro, consola a mulher: não lhe passa despercebido o quanto ela estava triste e abatida. Abraça por compaixão.

Depois, atua para lembrar a que Deus nós servimos. Convida o rapaz novamente à vida para que o grupo repense o que podem fazer para evitar que a morte (inevitável) seja causa de sofrimento e desespero maior quando acontece naquelas condições.

Trazer o rapaz à vida significa dizer que precisamos repensar as coisas que fazemos enquanto as pessoas ainda estão conosco. E se por acaso não estiverem mais, que sejamos capazes de fazer o nosso melhor para dar suporte para que ninguém perca o sentido da vida.

Vejam que a atuação de Jesus é dinâmica e encorajadora.

Quer que a vida ilumine nossos passos e, mesmo que passemos pelo vale da sombra da morte, não temamos porque o Senhor está conosco e nos conduz com seu cajado.

Mas ainda ficamos presos às benditas fantasias e, quando elas não se realizam, achamos que Deus foi injusto...

Fiquem bem. 

Comentários

  1. Fantasias- esperanças-desconforto - inseguranças sao coisas do VIVER passamos por isso, faz parte do nossa vida...e qdo não está td sobre controle começamos achar culpados....e nem Deus escapa de nosso julgamento, achamos-O injusto.... ///do merecimento nao lembramos, só julgamos.

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  2. Bela reflexão!!!
    "Repensar o que fazemos com as pessoas que estão conosco.".
    "Dar suporte p que ninguém perca o sentido da vida"...

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