SER E APRENDER

Uma das mais coisas mais difíceis de se fazer no relacionamento entre pessoas é ajudar o outro a tomar consciência de possíveis erros e permitir que as coisas se refaçam.

Geralmente escolhemos caminhos que impedem o crescimento: ou tratamos de tornar o erro do outro fonte de sofrimento e aí nos tornamos vítimas, ou então, tratamos de convocar o tribunal onde somos juiz, promotor e júri... quase sempre a sentença é punitiva e humilhante.

É uma situação que exige tomada de consciência por parte de quem corrige também para que seja coerente e disponível para acolher os limites do outro possibilitando crescimento sem dar o peso moral acima do respeito pelo que o outro é.

Jesus entendia o grupo dos seus seguidores como sendo um grupo que age segundo o critério de permitir que o outro seja e aprenda. Seus critérios não são meramente preceitos morais, mas estão ligados a proporcionar um caminho de crescimento onde mais importante do que estabelecer quem está certo, é propiciar a descoberta daquilo que podemos ser.

O evangelho de hoje é uma boa demonstração daquilo que disse acima (Mt 18, 15- 20).

Dentro de uma comunidade que vinha basicamente da experiência judaizante onde a lei tem um peso moralizador e punitivo, Mateus estabelece uma proposta de crescimento onde Jesus propõe

> se alguém lhe causar algum tipo de dor ou sofrimento e isso puder ser corrigido, chama seu irmão e ajude ele a entender o que aconteceu, diga como você se sente na situação A SÓS. Procure ganhar a confiança dele e permita que ele refaça o caminho que fora desviado...

> caso não seja possível esse aprendizado, tente apoio de outras pessoas ou de algum material que possa ajudar a fundamentar aquilo que você está defendendo, sempre respeitando e garantindo que ele não seja humilhado...

> se isso ainda não for suficiente para a correção, procure a Igreja como aquela que poderá mediar com isenção e caridade o conflito que se estabeleceu...

O objetivo passa a ser não o de determinar quem está certo, que é uma grande armadilha, mas sim o de permitir que a relação se estreite e haja crescimento.

E convenhamos: nada mais difícil do que abrir mão de ser o certo na história para ser o que permite a mudança de rota e o aprendizado da vida.

Enquanto escrevo, não me sai da cabeça outro texto  do evangelho: a conhecida parábola do filho pródigo.

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O pai tinha tudo ao seu favor e poderia transformar a volta do filho num processo de humilhação, de fechamento e de rompimento.

Mas ele quer que o filho que fora achado depois de estar perdido também se torne o filho com um histórico de quem aprendeu a rota de novo. E isso tem  a ver com permitir que ele seja e aprenda.

Ganhar um irmão para a rota é o grande desafio de nossos relacionamentos. E na vida cristã é a grande oportunidade de descobrirmos o que de fato vale a pena e tem valor....

Fiquem bem. 

Comentários

  1. Com certeza ...um grande desafio em nossos relacionamentos!!!

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  2. SEMPRE TEXTOS. MARAVILHOSOS! Às vezes tão difícil perceber que o errado somos nós, não o outro , porque transferir erros e responsabilidades é mais cômodo e mudar o comportamento é atitude valiosa, pois viver em conflitos faz mal pro corpo e pro espirito. Grata

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  3. Muito boa reflexão!
    Mas para conseguirmos agir assim com o nosso próximo, precisamos ser humildes, caridosos, prudentes e principalmente saber corrigir com amor.

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