O GRÃO DE TRIGO

Por princípio, sabemos que ninguém em plena saúde física e mental quer morrer. Nosso instinto primevo é de viver e lutar pela vida. Queremos viver e essa ânsia nos faz querer ir adiante e pra frente sempre...

No entanto, por definição a vida é limitada pelo tempo e espaço. Nascemos, vivemos e morremos e isso é comum a toda criatura. Tudo o que existe, existe por um tempo e dentro de um espaço definido. Assim diz a nossa condição humana e tudo o que sabemos sobre nós, empaca nessas duas verdades: queremos viver e um dia morreremos.

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A religião acrescenta nesse espaço de conflito, angústia e certeza a busca pelo consolo. Animados pela fé dizemos: apesar de termos que morrer um dia, àquele que crer, será dado a vida plena. É um alento que para uns é apenas uma enganação. Mas para tantos outros em mais de dois mil anos de história, anima, fortalece e orienta os passos nessa vida, sem querer que ela acabe e se prolongue para a eternidade.

Jesus sabia de tudo isso. Ele próprio vivia o conflito de querer viver (afasta de mim este cálice) e de saber que morreria (mas não faça minha vontade).

Mas Ele sabia de algo mais precioso ainda: entre o viver e o morrer tem um interstício de tempo que exige respostas. Mais importante do que essas verdades, é saber como viver e porque morrer...

Viver a vida como se ela fosse um peso e morrer como consequência apenas natural das coisas parece empobrecer, na visão de Jesus, esse dom inestimável que recebemos.

Para Ele viver por algo que faça sentido, que ajude a querer o bem comum, a desejar o ideal para o crescimento em todas as dimensões. Esse sentido que orienta a vida faz com que a morte seja esperada não como castigo mas como passagem.

João trata disso em vários textos e hoje meditamos aquele famoso (Jo 12, 24- 26).

Imagine o grão de trigo querendo se preservar, evitando que se desabroche em fruto, fica apenas grão. Semente encruada, sem sentido, sem frutos, sem beleza.

Mas se cai na terra e se deixa valer a pena essa entrega, produz muitos frutos...

A vida, segundo Jesus, passa por aí.

Quem fica muito querendo guarda-la como algo inexorável e irremediavelmente preservada demais, perde-a porque não se entrega, não aposta em nada que possa dar frutos e muito menos se oferece para nada e nem ninguém.

Não se trata de viver a vida sem consequência, claro.

Trata-se de viver a vida com entrega, com sabedoria, ousadia, disposição e confiança.

Não se trata de gastar sem medir as responsabilidades.

Mas sim de fazer valer cada instante como uma forma de plenificar no agora o que acreditamos que virá depois.

Esse mistério viveu Jesus e de forma plena e ofertiva.

E diz Ele: se alguém quer me servir, faça o mesmo que eu...

Fiquem bem.

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