MERITOCRACIA OU REINO?
É muito difícil para nossa cultura contemporânea pensar o mundo sem as facilidades e prioridades que ela tem. Converse com um jovem ou adolescente e diga pra ele que há menos de 20 anos ninguém tinha celular ou que a internet era discada. No mínimo, vai rir e achar que você está brincando.
Isso porque temos a tendência de achar que o mundo sempre foi igual ao que conhecemos agora e ele sempre nos foi favorável: O QUE CONSIDERAMOS CORRETO, JUSTO, BOM É O QUE SEMPRE FOI ASSIM PENSADO E ACEITO.
Mas não é né...
Imaginem vocês que animais de criação são um mimo recente na cultura. E mais ainda, trata-los com os cuidados com que tratamos é algo muito novo fruto de uma demanda que se estabelece a partir do comercial. Quanto mais específico nos tornamos nas coisas simples da vida, mais existe a necessidade de se ter um nicho comercial que atenda às necessidades.
Ter um mundo onde os desejos e necessidades das crianças são sempre postos no centro da vida familiar e social é algo muitíssimo recente. Não significa dizer que não seja bom, mas que isso tem a ver com o desenvolvimento humano que travamos e vamos aperfeiçoando.
Nas culturas antigas onde o valor da pessoa estava baseado em dois pilares: sua força de trabalho e capacidade de produzir e sua honestidade, as crianças eram desconsideradas porque não podiam provar nem uma coisa nem outra. Assim sendo, eram tratadas como um adendo na vida familiar, mas sem grandes manifestações e sem poderem apresentar suas necessidades. Tanto que o valor da educação só se torna universal depois dos anos 50...
É assim que devemos olhar para o texto de hoje e ver o porque Jesus coloca a criança no centro.
Não é um endeusamento da tenra idade como se faz os que querem vender roupas, comidas, guloseimas e outras coisas que são necessidades consumistas do nosso tempo. Muito menos afirmar como positiva a DITADURA INFANTIL onde tudo gira em torno dos caprichos dos pequenos em qualquer situação e expressão.
Ao coloca- la no centro Jesus estabelece uma nova medida para o pensar as necessidades do grupo tendo não mais como parâmetro os desejos e habilidades dos grandes (adultos) e sim dos pequenos (crianças).
Ele quer que pensemos a partir dos mais fracos pois isso implicaria em gerar uma ação e uma corrente que vai além dos caprichos e necessidades corriqueiras.
Porque é urgente adaptar as cidades para atender às necessidades dos portadores de deficiência?
Porque assim seremos capazes de dar a eles mobilidade e segurança gerando uma energia positiva para todos os concidadãos.
Porque é fundamental que haja um sistema de saúde que seja universal?
Porque dessa forma estaremos propiciando que todos tenham o mínimo de atendimento e possam ser cuidados e gerar para todos saúde social.
Porque um projeto de renda mínima?
Porque isso além de tirar as pessoas de uma situação de dependência possibilita que o consumo seja feito e gere riquezas e gere trabalho e gere vida...
Colocar os mais fracos ou mais necessitados no centro é um exercício de cuidado não só com o outro. Mas com o todo.
A mentalidade meritocrática não aceita muito isso pois diz que quem não tem competência não se estabelece... Mas o Reino diz que QUEM NÃO ACOLHE NÃO PODEM ENTRAR NO REINO.
É uma questão de escolha e principalmente uma questão de valor.
Para Jesus o valor esta em dizer que a sociedade se torna maior e mais apta quando ela inicia seus cuidados a partir do pequeno. A mim pelo menos, faz muito sentido...
Fiquem bem...
Os valores mudam...ainda bem!!!
ResponderExcluirA mim parece que neste texto Jesus fez uma séria advertência aos discípulos (indicando que eles não estavam no caminho certo) : “Se não vos tornardes...” Ao lê-lo me lembrei da homilia do Padre alguns domingos atrás quando tratou da renúncia de nós mesmos. Gostei muito da clareza e dos exemplos de renúncia daquela exposição. Neste Evangelho me parece que o tema é o mesmo: se nos preocupamos com nossa ambição pessoal, conforto e prestígio, estamos caminhando na direção exatamente oposta ao que nos ensina Jesus neste Evangelho, ou seja, que devemos nos esquecer de nós mesmos, direcionando nossa vida para o serviço e não para o poder.
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