A CADA MOMENTO

Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.


A cada momento



(Foto: Renato Rezende | Arquivo Pessoal)

O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo...

Fonte: Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992, p. 204 (Alberto Caeiro).

Imagem: Wikipedia
Alberto Caeiro (Heterônimo de Fernando Pessoa): Personagem ficcional de Fernando Pessoa ligado à natureza, que desconsiderava o pensamento filosófico. Um poeta "simples", que considerava a "sensação como única realidade", sempre em busca de um "objetivismo absoluto".
Fernando Antônio Nogueira Pessoa (1988 - 1935): Escritor, astrólogo, crítico literário, filósofo e comentarista político português. O mais famoso poeta português teve seu trabalho marcado pela criação de heterônimos, que eram personalidades poéticas completas, "com identidades que, em princípio falsas, se tornam verdadeiras através da sua manifestação artística própria e diversa do autor original". É autor de muitos livros e poemas, entre eles, O Guardador de Rebanhos (1925), Mensagem (1934), Poemas de Alberto Caeiro (1946), Poemas Dramáticos (1952), O EU profundo e os outros eus (1974) e Livro do Desassossego (1984).

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