POR ONDE IR, POR ONDE CAMINHAR

Dia desses fui celebrar uma novena de Padroeira numa das paróquias da Diocese e, sentado com as crianças enquanto fazia homilia, fiz uma pergunta básica: QUEM AQUI QUER IR PARA O CÉU?

As crianças todas de imediato disseram sim levantando as pequenas mãos.

Mas uma delas disse bem alto: EU NÃO QUERO. 

O que gerou de imediato uma reação de risos por parte das crianças e um assombro por parte dos adultos.

Claro que eu não podia simplesmente desprezar a fala da menina. Dei-lhe o microfone e disse: CONTE PRA GENTE PORQUE NÃO QUER IR PARA O CÉU.

E a resposta não podia ser mais reveladora: PORQUE EU SEI QUE MEU PAI E MINHA MÃE NÃO VÃO...

A menina tinha lá seus motivos para fazer aquele tipo de avaliação. Mas não podemos discordar de uma coisa: TRATAMOS O CÉU COMO UM PRÊMIO E COMO MUITOS NÃO RECEBERÃO ESSE PRÊMIO, PARECE SER UM OBJETIVO INALCANÇÁVEL. 

O que quero dizer é que destruímos a imagem bonita de céu e colocamos essa realidade teologal numa prateleira de prêmios onde alcançamos a coroa de louros se formos considerados dignos pelos critérios humanos e não divinos.

Fiquei pensando nessa história hoje enquanto fui a Pedreira e Campinas para algumas atividades e meditava o Evangelho. Alguém pergunta a Jesus: SENHOR É VERDADE QUE SÃO POUCOS OS QUE SE SALVAM?

De pronto me veio a imagem da pequena sendo transparentemente honesta: EU NÃO QUERO IR PRO CÉU PORQUE SEI QUE MEUS PAIS NÃO IRÃO.

Para responder ao seu interlocutor Jesus usa a imagem da porta estreita. E talvez seja aqui que a maioria das interpretações se fundam para dizer que poucos entrarão...


Resultado de imagem para a porta estreita
E naturalmente, nessa perspectiva, o céu passa a ser um prêmio que se alcança se você estiver rezando, indo à missa e cumprindo alguns dos mandamentos.

Mas não sei se devemos pegar isso como uma chave teológica. Era um ditado popular que Jesus usou para facilitar a compreensão de um conteúdo mais difícil e profundo.

A porta estreita é uma referência à escolha que fazemos para estar com Ele e a partir disso, tratamos de viver uma vida de entrega. A porta é imagem de acolhida, de abrigo e de intimidade. O fato dela ser estreita é para expressar o quanto que exige de coragem e disposição para estar naquela casa de salvação.

O esforço que se pede a quem quer entrar por ela (e todos somos chamados a isso) é de disposição para entrar, sabedoria para escolher e confiança para apostar sua vida num projeto.

Para que esse esforço se torne realidade, fazemos ou buscamos fazer práticas que ajudam a lapidar tudo isso em nós (rezar, celebrar, cumprir os mandamentos) mas isso não é tudo...

Precisamos descobrir aquela profundidade do evangelho do domingo passado: AMAR A DEUS COM TODA A FORÇA, CORAÇÃO E ENTENDIMENTO E AO PRÓXIMO COMO A NÓS MESMOS.

A mística da porta estreita é um convite a esse amor que vai se desdobrando ao mesmo tempo que vai se aprofundando. Entrar por qualquer é sempre fácil. Mas nem sempre ela nos leva onde queríamos estar.

A porta estreita já se define: é difícil, exige coragem, disposição e vontade de entrar. Não é um prêmio. É um convite e uma oportunidade de estar onde se quer e onde acreditamos ser nosso destino, bem perto ao coração de Deus.

A menina que não queria ir para o céu precisa ser estimulada a querer entrar pela porta.

E seus pais precisam se sentir convidados também. Seja lá quais forem os motivos que a menina fantasiou que os pais não iriam para o céu, precisam ser convidados a redescobrir a bem querência de entrar por onde e onde a vida vale à pena.

Fiquem bem.

Comentários

  1. Nossa... que menina corajosa e sincera!!!Um adulto acredito,eu... jamais responderia assim...rsrs
    O julgamento de alcançarmos o céu é bem diferente da credibilidade que Deus nos da..pelo que aprendemos nos ensinamentos do Reino...

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  2. Jesus nos pede: deixai-vír a mim as criancinhas e não as impeça porque delas é o reino do céu. E como as crianças nos ensina e nos surpreende pela a pureza, sinceridade e espontaneidade. Tem uma canção que diz assim..O meu lugar é o céu é lá que vamos morar, busquemos as coisas do alto.

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