O QUE ACONTECE?

Eu juro que ando me cansando de lutar.

De lutar por uma Igreja que seja sinal do Evangelho de Jesus e menos quintal de quem tem medo de acolher o mundo com suas benesses e desafios.

Mas confesso que tá difícil.

Por onde se olha é um fechamento além do esperado.

Por mais que o Papa Francisco tenha trazido ares de esperança e mudança, a base da Igreja tem ido em outra direção.

Dia desses fui convidado a substituir um padre na missa dominical porque ele estava num encontro.

Sempre que posso aceito e vou de bom grado. Quem me conhece sabe que sou solidário com os colegas e suas comunidades.

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Para minha surpresa desde que cheguei percebi um clima nada amistoso.

Deduzi que algo estava errado e não me senti no direito de perguntar nada pois, sapo de fora não chia.

Porém, um jovem devidamente trajado com o mais fino talar eclesiástico veio até mim e disse com petulância pueril: O SENHOR VAI USAR ISSO OU PREFERE UMA CASULA?

O isso a que ele se referia era minha túnica e estola.

Respirei fundo e disse: NÃO TÁ MUITO QUENTE. VOU FICAR COM MINHA PEQUENA TÚNICA E ESTOLA MESMO. FICO MAIS A VONTADE E EVITO SUAR DEMAIS.

O riso amarelo no canto da boca já disse tudo... eu não era o que se esperava para aquele lugar.

Ele também deve ter ido até a sacristia respirar fundo e voltou com o missal nas mãos.

Abrindo as diferentes fitas do livro, foi me mostrando quais seriam as orações rezadas naquela celebração. E sempre com ar de superioridade indiferente.

Quando me mostrou a oração eucarística, disse do prefácio e solicitou que rezasse o cânon romano. Olhei meio aturdido e perguntei: MAS NÃO TEMOS NENHUMA SOLENIDADE HOJE. ALGUM MOTIVO ESPECIAL PARA TANTA SOLENIDADE?

A resposta veio com toda força: TODA EUCARISTIA É SOLENE, JÁ DEVERIA SABER DISSO.

Aí julguei ser necessário agir em nome da correção fraterna: SIM, TODA É SOLENE. AMS AS ORAÇÕES NEM SEMPRE DIZEM O QUE ESTÁ NO CORAÇÃO. PORTANTO IREMOS REZAR A NUMERO CINCO.

Irritado comigo, o jovem logo tratou de rebater: LAMENTO, MAS NOSSO PÁROCO NÃO DEIXA REZAR ESSA ORAÇÃO POIS ELA NÃO É LITÚRGICA.

Ah? Como? De onde veio essa infâmia?

Não sei se o padre de fato falaria um absurdo desse, afinal imagino que se ele for minimamente coerente, saberá que a mesma consta no missal romano e portanto, tem aprovação oficial de todos os órgãos litúrgicos. Mas sei também que o rapazote não falaria isso sem ter ouvido de alguém que esteja acima dele (sim, infelizmente estamos no tempo da hierarquia pura e simples).

Olhei com caridade para o rapaz pois senti pena de estar tão jovem se perdendo da maior riqueza da fé que é a diversidade e disse: HOJE REZAREMOS A NUMERO 5, VAMOS COMEÇAR A CELEBRAÇÃO.

Como as respostas eucarísticas não foram bem respondidas nem pela assembleia meu alarme disparou: O QUE ESTAMOS FAZENDO COM A FÉ DO POVO?

Fiquem bem.

Comentários

  1. Que fato desagradável..não?Não era p estar ocorrendo essas diferenças, nessa época que Francisco que pede tanta humildade, em primeiro lugar..em nome da fé e dos ensinamentos de Jesus..

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  2. O rapaz pretendia ensinar o Pai Nosso pro vigário? ?? Penso que sim. Ainda bem que vc ---foi você ! Posso até imaginar a homilia que vc fez.... CERTEZA que amaram e pensaram nela(homilia ) por uns dias.

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  3. Complementando:Pelo que deu a entender tem algo errado..na orientação do pe do local tb.

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  4. É triste sim, e não são poucas as comunidades que ainda tem esse tipo de mentalidade, mas não desista de continuar sua luta por essa igreja mais proxima de Jesus e mais distante das conveniências por favor! Acho que você não tem noção do quanto ja construiu nesse sentido. Pense nisso. Abç

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  5. Não desista não, pe..... vc faz toda a diferença na igreja de Jesus Cristo.

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  6. Lendo este texto do Padre veio ao pensamento propostas como a doutrinação política em sala de aula e a ideologia de gênero pregada por Judith Butler. Digo isso pelo risco de se incutir na cabecinha de nossos jovens ideias equivocadas. Imagino que o jovem mencionado pelo Padre foi doutrinado, desde pequenininho, para acreditar que pompa, glamour, ritos rebuscados agradam a Deus. É por isso, que sobre alguns assuntos não estou realmente aberta a ser convencida. Uma delas é a discussão de temas como a doutrinação em sala de aula, altamente perigosa pelo simples fato de envolver seres humanos, inevitavelmente passionais. Não quero nossas crianças à mercê de um professor que, a despeito de ensinar, venha incutir ideias que, longe de promover a união, pregam a discórdia. Política se ensina em casa, oferecendo bom material para que a criança leia e, por ela mesma decida o que acha melhor. Agora nos aparece Judith Butler com essa tal ideologia de gênero. Em princípio é fácil dizer que as crianças com uma boa base familiar não se deixarão influenciar por esse discurso, a meu ver, no mínimo absurdo. Mas sabemos que infelizmente não é assim. Muitas crianças e adultos caminham ao soprar do vento e podem ser facilmente manipuladas e convencidas, haja vista o genocídio nazista que, motivado por uma ideologia racista, considerava que os judeus deveriam ser eliminados e, nessa convicção, milhões de inocentes foram mortos. É óbvio que não se pode comparar a ideologia de gênero com o holocausto, mas serve para demonstrar a que ponto pode chegar o poder de manipulação. Assim, comungo da opinião daqueles que não querem Butler por perto e, condenar os protestos (pacíficos e ordeiros) dos que pensam assim, a mim me parece um ato de intolerância, já que tenta impedir a livre manifestação de opinião. Vale lembrar que a própria Judith protestou em uma carta aberta contra a presença do filósofo Marc Jongen em um simpósio nos EUA.

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