E TODOS ACABAM SE PARECENDO

Ainda me assusto...

Não sei se quero e muito menos se consigo viver numa sociedade que se radicaliza nos extremos e propõe a derrocada do outro pelo simples fato de querer provar seu ponto de vista e com isso, retirar o direito do outro existir e pensar e sentir de forma diferente da minha...

Não. Isso não pode se estender para além do que já temos visto e ouvido.

Para provar que o comunismo é uma porcaria e que o Brasil teve governos que se diziam de esquerda (verdade isso? quando?) a direita se estabelece fundada em uma visão desproporcional onde tudo tem que ser combatido para que não haja nenhum resquício ou sinal de que o PT existe.

Começou com a escola sem partido. O que na prática é uma forma de tirar dos currículos escolares a necessária discussão de ideias e pensamentos que, mesmo que não válidos do ponto de vista prático das coisas, precisam ser conhecidos pelos seu valor e pela sua importância na construção da sociedade humana.

Depois o combate ao kit gay que se desembestou para a acalorada discussão de ideologia de gênero (coisa que precisa ser revista pois há muito de desinformação nesse assunto). Tudo o que se faz nesse país e que se propõe como uma discussão sobre a misoginia e o machismo, a homofobia e a discussão da sexualidade precisa ser combatida e achincalhada só porque é coisa de "veado".

Vejam a ignorância de manifestantes na porta do SESC Pompéia que queimaram crucifixos para evitar que Judith Butler desse sua colaboração num seminário sobre Democracia (sim, o tema era esse).

Como faz parte da mis em cene direitista, quando se começou a abaixar a poeira dos kits e da ideologia de gênero, atacou-se as exposições artísticas. O problema não é a discussão sobre o papel da arte (coisa saudável e necessária) o problema é o modo como as coisas se dão com o simples intuito de sectarizar o tema.

Por outro lado a dita esquerda começa seu renascimento e procura usar das mesmas armas que a feriu nos últimos tempos. Transforma tudo numa guerra de ideologia sem nem descer dos saltos.

Com isso perde sua capacidade criativa de repensar o mundo e de propor caminhos, pois, tão igual quanto a burguesia endireitada, quer apenas um projeto de poder e nada mais.

Alguns me questionaram sobre o que eu acho do vídeo vazado sobre os comentários racistas do jornalista Willian Waack.

Vejam: mesmo quem não quer pensar o mundo num antagonismo pueril tem que reconhecer que os comentários feitos pelo dito cujo são pejorativos, feios e desmerecem grande parte da população brasileira. Isso contar o fato quase sádico de que ele, sendo direitista convicto e feliz por ter limpado o Brasil da raça pulha dos petistas fez aquele comentário com gozo indiscreto de que, europeus brancos são melhores em tudo inclusive em saber buzinar...

A empresa na qual ele trabalha foi previdente em tê-lo afastado. E penso que a repercussão é justa.

O que me incomoda apenas é o fato de muita gente da esquerda estar usando isso apenas como uma vingança. E estar se parecendo com os porcos que antes dizíamos serem eles...

Não quero que o meu povo seja desrespeitado. Pretos ou brancos merecem respeito e isso deve ser exigido sim.

Mas transformar isso numa batalha ideológica já é demais pra mim e para o meu estômago.

Fiquem bem.