LUZ QUE LIBERTA

O perigo de usarmos versículos bíblicos para justificar comportamentos é grande.

Primeiro, porque com isso sentimos que Deus está do nosso lado e contra nosso oponente.

Mas depois tem um sabor quase sádico: uso quando isso me ajuda a ficar mais forte do que o outro e esqueço quando não me interessa.

Sempre digo para quem vai começar uma conversa comigo se for citar versículos que seja dentro do contexto e que esteja aberta a novas interpretações, porque senão não vira diálogo e sim esnobação de citações.

Resultado de imagem para os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz

O Evangelho que Lucas coloca a nosso dispor na liturgia de hoje é um bom exemplo desse perigo: Jesus  elogia o comportamento do administrador corrupto!

E é claro que isso seria um absurdo, mas para quem quer usar só o que lhe interessa, poderia até invocar a força dessa citação num tribunal, não é mesmo?

O administrador estava sendo desonesto com os bens do seu patrão. Descoberto em sua maracutaia, decide um jeito de não ficar sem apoio: vai ajudar os devedores a deverem menos para o patrão e passarem a dever para ele.

Ora, do que estamos falando quando Jesus diz que esse comportamento esperto dos filhos das trevas deveria ser adotado pelos filhos da luz?

Que sejamos desonestos?

Que sejamos corruptos?

Com certeza não.

A ideia é perceber que os filhos das trevas buscam encontrar soluções criativas para seus problemas e isso os faz lutar por aquilo que acreditam e defendem a própria vida com esse princípio. Já os filhos da luz sempre dão um jeito de, na primeira dificuldade desistir e ceder à pressão.

O elogio é para a criatividade e positividade dos filhos da trevas coisa que nós nem sempre temos e quase sempre desistimos e culpamos os outros pelos nossos erros, o mundo pelo nosso fracasso.

Jesus elogia portanto aquele comportamento que busca resolver o conflito, buscar soluções criativas para as dificuldades, superar os limites...

Quem for citar deveria ter ao menos a decência de usar a citação com a complexidade que ela tem e a profundidade que ela exige.

Senão, desvirtuamos a Palavra e tomamos para nós a medida de todas as coisas: quando nos interessa, citamos a Palavra e quando não nos interessa, escondemos e deixamos ela se calar.

Fiquem bem.

Comentários

  1. Exatamente assim. Texto maravilhoso, forte ! com VERDADES vistas /ouvidas e faladas por nós leigos(as) -eu imagino por um confessor/psicologo ouvir isso com frequência . Quem será que já nao fez isso(citaçao. em interesse pp)? Grata

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