NOSSOS MAS

É muito comum a gente se dizer encantado com uma coisa, lugar ou pessoa e sempre acrescentar um mas...

Gosto muito daqui. Mas se tivesse um shopping ia ficar melhor.

Gosto de comer bolo. Mas se não engordasse seria muito bom.

Gosto de fulano ou sicrana. Mas se fosse menos pegajosa ou não fumasse...

É assim: gostamos mas...

Com Deus fazemos a mesma coisa.

Lembro-me de um leigo que tinha numa paróquia que trabalhei. Era muito esclarecido, dono de uma escola famosa na cidade e muito engajado nas coisas da Igreja. Um dia, no meio de um jantar na sua casa lançou o "mas" dele para Deus: GOSTO DA MANEIRA COMO VOCÊ PREGA. ACHO QUE REALMENTE DEUS É MUITO BOM. MAS... SE ELE FOSSE MAIS RIGOROSO COM CERTOS PECADOS O MUNDO NÃO ESTARIA ASSIM.

Bom, essa é a triste realidade sobre nós. Somos cheios de MAS. Mas a boa notícia é que Deus e seu reino não cabem e não se alteram por causa do nosso mas...

Pensei nessas coisas hoje pela manhã enquanto meditava o evangelho de hoje: Lc 20, 27- 40. Querem saber de Jesus se as mesmas regras da terra se mantém no céu.

O que estava por trás da pergunta COM QUEM A MULHER VAI FICAR SE ELA SE CASOU COM OS 7 IRMÃOS?

Ou se quiserem: a posse e a guarda será outorgada a quem uma vez que Deus vai manter os privilégios dos homens e donos dos seres humanos.

Querem ir para o céu... mas não deixam de acrescentar um MAS: como fazer para manter as regras que nós criamos como convenções e que nos dão tantos privilégios?

Jesus ouve. Olha. E rebate o MAS com sabedoria: o céu não é lugar para a prática de privilégios e muito menos de colocação de MAS.

O céu será o resgate de tudo o que somos de fato e da purificação de todos os MAS que colocamos para nós e que deixamos serem colocados em nossa vida. Não precisaremos mais casar nem se dar em casamento porque não será a certidão que nos dirá quem somos... e pela lógica, não será preciso mais provar nada porque seremos como de fato éramos no coração de Deus, sem medo, sem obrigação da lei e simplesmente pela força do amor.

Garanto que alguns dos que ouviram aquela discussão de Jesus com seus conterrâneos e muitos dos que leem esse texto hoje devem ter ficado irado, como ficava o professor que descrevi acima. 

Mas (agora sou eu que acrescento o MAS) Deus não se molda às nossas convenções e nem se limita aos nossos caprichos. Deus é amor e quem ama permanece nele.

Difícil é a gente entender a tarefa desse mundo: ir tirando esses MAS que vão nos engolindo e fazendo-nos viver em função de modificar o outro e as relações ao nosso bel prazer. Deus é mais e isso nos basta.

Fiquem bem.