O QUE COMANDA MINHA VIDA?

Existem alguns textos dos Evangelhos que exigem de nós profunda avaliação para que não caiamos em duas possíveis armadilhas: ou importamos os preconceitos da época em que foi escrito e ele vem carregado de contradições que chegam a nos incomodar e impedir que aceitemos a Palavra com dom ou olha para eles com olhos da nossa tão falada modernidade... porque daí simplesmente desqualificamos o que o Senhor nos quer ensinar.

Relações de trabalho como é de se imaginar daquele tempo para o nosso sofreram muitas transformações e portanto, quando lemos um patrão elogiou o servo desonesto precisamos ter cuidado para não "comprar" a ideia pura e simples de que tudo então é permitido.

O modo de se tratar as crianças também sofreu evolução e, caso eu queira desconsiderar isso, talvez impeça meus filhos de ter um desenvolvimento saudável.

Esposo e esposa também amadureceram a sua aliança e hoje, ainda que tenhamos problemas (e quantos problemas) não se pode mais aceitar que as coisas sejam simplesmente do jeito que aquela cultura e aquele momento histórico tratavam essa realidade.

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O Evangelho deste sábado também traz à tona uma discussão que merece nossa atenção. Nela aparecem duas questões que pode causar certo mal estar em que lê simplesmente com os olhos.

Falando sobre o dinheiro, Lucas aponta:

> fazer bom uso do dinheiro injusto;

> o que é importante para os homens é detestável para Deus;

O que nos quer dizer esse texto?

Lido com os olhos e com a ânsia de julgar, logo partimos para dizer que o dinheiro não presta e é fonte de pecado puro e simplesmente e que Deus não aceita nada do humano.

Tenho minhas dúvidas e por mais que tenha lido nos comentadores diários para poder escrever minha reflexão, sinto que quase todos caem na mesma armadilha: dizer que o dinheiro é sempre injusto e portanto, fonte de pecado.

Mas eu pergunto: como se vive em nossos dias sem dinheiro? Não só o pai e mãe de família, mas até nossas comunidades? Como fazemos para sobreviver num mundo que foi calcado sobre esse fetiche?

Se dissermos que podemos fazer diferente porque viveremos de doações, seremos tão hipócritas como os fariseus que riem de Jesus...

O tempo em que o texto de Lucas foi escrito e rezado pelas comunidades era possível sim viver sem dinheiro porque o mesmo só era utilizado em grandes transações comerciais. No dia a dia, as pessoas simplesmente faziam o escambo ou então comiam do que plantavam e portanto, o dinheiro era símbolo sim de injustiça porque quando se tinha dinheiro, a pessoa se sentia com poder para comprar tudo inclusive pessoas...

Nesse sentido o dinheiro é injusto sim e fonte de muito pecado.

Mas o pai/ mãe de família que trabalhavam e lutam para receber e quitar seus compromissos, que se importam em pagar as contas e dar o mínimo de conforto para os seus e às vezes até têm a possibilidade de algum mimo (passeio, restaurante, comprar uma roupa, etc) aonde está o dinheiro injusto?

Talvez numa leitura sociológica devêssemos dizer que as relações de trabalho que geram o dinheiro podem sim ser injustas (vide reforma trabalhista no Brasil) e podem gerar com o dinheiro muita dor e opressão. Mas isso é o modo como as relações de produção se dão em nosso tempo.

O pecado passa a existir no momento em que o dinheiro domina as relações e impede que sejamos humanos e tenhamos o mínimo de nossas necessidades atendidas. O dinheiro passa a ser injusto quando o modo como fazemos a vida acontecer está fundado mais no ter no que no ser.

E porque as coisas humanas são detestáveis a Deus?

Bom, preciso de mais espaço para continuar a escrever. Tento voltar ainda hoje a esse tema.

Fiquem bem.

Comentários

  1. O dinheiro é injusto quando vem da exploração das pessoas,quando ele passa a ser o valor principal de nossa vida....e como ocorre isso não?

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  2. Complementando:Não respeitar nem a natureza p conseguir o que deseja:lucro..a qualquer custo!!

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