MISSÃO É SERVIR

Sempre considerei admirável o fato de uma obra tão divina como é a salvação da humanidade, contar com uma dimensão tão humana do trabalho como é o caso da missão que foi dada aos apóstolos, discípulos e a todos os batizados e batizadas.

Deus poderia fazer tudo sozinho e talvez fizesse melhor do que qualquer ação humana. Mas quis contar com a participação da humanidade para que acontecesse uma identificação daquilo que os anunciadores são com aquilo que os receptores da Palavra ajudam a nos lembrar que temos e somos.

Existe quase uma comoção quando se trata do texto que hoje motiva a Festa de São Paulo, apóstolo (Mc 16, 15- 18) pois nossa tendência sempre presente foca com mais facilidade o extraordinário da fé: expulsar demônios, falar novas línguas, pegar em serpentes ou beber venenos e não sofrer mal algum e o poder de curar os doentes pela imposição das mãos.

Não gosto de gastar meu tempo querendo discutir a importância ou não dessa descrição que o texto dá. Para muita gente isso acontece e é tão simples assim como simplesmente quem descreve uma receita de bolo.

Não jogo nesse time e prefiro a complexidade do entendimento.

Não tenho dúvidas que onde estão aqueles que permitem que Deus lhes faça morada o mal ou aquilo que tem o poder de dividir e separar tem dificuldade em ficar. Mas isso não me dá o direito de assumir como corriqueiro aquelas manifestações maléficas que o cinema perpetuou.

Falar línguas pode ser a manifestação da glossolalia mas pode também ser a descoberta de um novo caminho interior onde, aquilo que precisa ser dito, será dito de uma forma diferente que as pessoas estejam acostumadas a ouvir.

A serpente é desde a descrição do Gênesis a estereotipagem da idolatria onde as pessoas se contaminam com a força de outras visões religiosas. O que não é em si uma manifestação física onde a luta entre o humano e o animal que se arrasta pela maldição se declaram rivais. Não precisar temer essas outras manifestações é o sinal de quem amadurece sua fé e sabe porque escolheu estar com Cristo e não se importa com as outras manifestações e nem com quem as seguem...

Curar doentes... quem não tem essa fantasia de que sua dor ou a dor de quem se ama será resolvida num toque mágico e extraordinário? Todos temos. Mas como se cura doentes? Somente eliminando as doenças ou existem outros caminhos? Animando, fortalecendo a luta, dando condições e suporte para evitar o sofrimento excessivo, não abandonando, não deixando à míngua também são manifestações de cura e isso sim, está ao alcance das mãos de qualquer pessoa de boa vontade.

A missão é em síntese a oportunidade que nos batizados e batizadas temos de descobrir o caminho do bem, de realizar ações e manifestações de palavras e consolos que animam a caminhada e fortalecem as opções pelo Reino. Nisso, Deus sabe que somente nós poderíamos fazer, porque essa luta pela esperança é nossa e é dom daqueles que descobriram o sentido de Ser Dele.

Fiquem bem.