E o terreno?

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Dia desses eu li um artigo que comentava a postura do Papa Francisco e comparava-a com a letra de um tango. Não me lembro ao certo a letra mas dizia mais ou menos assim: VOU ROUBAR SEU CORAÇÃO E DEPOIS ROUBAR A FORÇA DO MUNDO PARA RECRIA-LO E DEVOLVER A VOCÊ COMO PROVA DO MEU AMOR.

A autora do texto dizia que nessa declaração de amor está a base da pregação do papa: DEUS É ESSE QUE ROUBA O CORAÇÃO HUMANO, PARA RECRIAR E DEVOLVER POR PURO AMOR E DEVOÇÃO QUE TEM À SUA CRIAÇÃO.

Achei formidável a comparação e fiquei pensando na força dessas palavras: pegar, recriar e devolver. Tudo motivado única e exclusivamente por amor...

Hoje a liturgia nos propõe a leitura da parábola do semeador. Aquele que sai a semear e faz a sua tarefa com profunda convicção a ponto de não se importar com o tipo de terreno onde caem as sementes. Semeia porque ama e espera a colheita com olhar encantado de quem vê florescer a vida nova.

Na história que podemos ler em Mc 4, 1- 20 tudo leva-nos a crer na sabedoria do semeador e na força da semente. Isso não é questionado em nenhum momento. Ele parece saber o que faz (é semeador profissional) e a semente parece ser de boa qualidade (haja visto aquelas que caem em terreno fértil).

O que se questiona é o modo como os terrenos recebem essa ação.

É claro que toda comparação claudica, mas no caso, o terreno tem o poder de escolher deixar-se pedregoso, espinhoso, à mercê dos pássaros...

Como estamos no campo das parábolas e sabemos que nem o semeador, nem a semente e muito menos o terreno apontam tão somente para o real significado das palavras, deveríamos nos perguntar:

a) Quem eu identifico com aquele que semeia? Porque faz isso sempre? Porque não se importa com o local onde caem as sementes se ele é um profissional da semeadura?

b) Que semente é essa que é colocada a meu dispor sempre? Onde elas estão? O que trazem no seu bojo?

c) Que terreno sou eu? Ou quais partes da minha vida é cada um desses terrenos citados pela parábola? Quando a semente de Deus cai na beira do caminho na minha vida? E qual é o espaço espinhoso cheio de espinhos? E aquele que a rocha não deixa criar raízes?

Infelizmente escolhemos às vezes desacreditar na capacidade do semeador: parece que ele não sabe semear... Ou então na força da semente: parece encruada demais para produzir seus frutos. E quase sempre deixamos de nos perguntar sobre essa acolhida à ação do semeador.

Pensem comigo: quantas vezes você já disse ou pensou ao ler um texto da Palavra que aquilo não lhe servia porque era somente para gente santa? Ou então: quantas foram as vezes que você abriu mão de questionar-se sobre o lugar onde você abrigou a semente jogada na terra? E o que pior, quantas foram as vezes que você disse que seu terreno era daquele jeito mesmo e danem-se aqueles que queiram semear qualquer coisa que possa interpela-lo na busca de transformação?

Essa parábola merece de nós um tempo de silêncio, sentado no canto do quarto ou olhando para seu próprio jardim e é hora de nos perguntarmos com generosidade e encanto: será que não posso abrir espaço para que a semente produza seus frutos em mim?

Só porque Deus é bom...

Fiquem bem...

Comentários

  1. No coração das pessoas ,a Palavra deveria ser acolhida com carinho,e dar frutos na proporção da generosidade e a disponibilidade de cada um...porém,mesmo tendo um bom semeador...a dinâmica do reino, segue caminhos, desconhecidos pela razão humana...

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  2. Verdadeira essa reflexão, A Palavra tem dentro dela o poder da transformação, o semeador pode ser competente - fofar o terreno- retirar pedras e semear....a germinação vai depender do solo.//// -- Que as sementes germinem e nasçam frutos de generosidade - perdao e amor ao próximo

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