SOU GRATO PELA VIDA

Nossos olhos nem sempre enxergam.

Nosso coração nem sempre sente.

Nossa fome nem sempre é saciada.

Nossa necessidade nem sempre é sanada.

Somos carentes e famintos de muitas coisas. Às vezes isso é tão flagrante que por mais que nos deem parece sempre ficar um resquício não atendido e, por menor que seja essa parte que ficou sem atendimento, é ela quem grita absurdamente e faz-nos cobrar ao infinito a dívida que julgamos que o mundo tem conosco.

Não sei ao certo se isso é da nossa natureza ou se isso foi sendo formado em nosso âmago a ponto de ficarmos dependentes desse saciamento constante e frenético. O que sei é que isso pode nos estrangular...

Ficamos fechados ao que nos dão esperando que virá coisas maiores e melhores e com isso tornamo-nos insatisfeitos eternos.

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É horrível conviver com criança mimada porque ela chora não porque precisa mas porque pensa que a sua vida e felicidade e amor dependem daquilo que ela queria ter ganho e não teve.

É horrível pensar que sou uma criança crescida, insaciável sempre pronta a dizer que ainda falta alguns gramas do pão que penso ser meu direito.

Ficamos tão absortos em cobrar o que não veio e julgamos ser nosso direito que esquecemos de olhar o que veio e quanto veio.

Sempre penso nisso quando ouço no particular uma pessoa dizer que seu casamento acabou porque não recebe amor... O que seria amor? Todos os sinais que se procura estão lá: roupas lavadas, comida pronta, casa arrumada, dinheiro para os gastos, passeio e ainda falta.

Claro que faltam coisas: talvez a pessoa seja mau humorada, talvez o sexo não seja grandes coisas. Mas isso é o que falta e o que se pode alcançar. Mas e o que se tem? Joga-se fora?

Não se trata de conformismo. Seria a última pessoa do mundo pedir que nos conformemos e aceitemos o básico e esqueçamos do que brilha.

Trata-se na verdade de saber reconhecer e, a partir da constatação pura e simples que já tenho muitas coisas e não só reconheço, mas agradeço imensamente, tomar decisões que podem dirigir meus passos com gratidão e não com mágoa ou a sensação de ter sido lesado.

Em Lc 10, 13- 16 Jesus toca nessa ferida de todos nós e questiona Corazin e Betsaida porque viram milagres e não se alegraram e nem reconheceram a bondade de Deus.

Percebem que parece que fazemos o mesmo com Deus?

Queremos sempre mais (e o querer não é um problema) mas nem se quer tomamos o reconhecimento de tanto amor já nos dado e queremos cobrar porque somos famintos de coisas divinas e insaciáveis de milagres e graças.

Será que precisamos mesmo viver esse perfil de saco sem fundo ou já podemos, maduramente, ir reconhecendo o quanto temos e o quanto nos dão e o quanto Deus nos dá...

Não sei. Temo pela nossa integridade na fé: insaciáveis passamos a viver da cobrança do que julgamos ser nosso direito e esquecemos o quanto já nos foi dado.

Sei lá... é bom pensar.

Fiquem bem

Comentários

  1. Sem contar a imaturidade de simplesmente querer que nos seja dado sem sequer corrermos atrás. Bora pensar e e começar a sexta agradecendo. Obrigada por nos lembrar. Beijos.

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  2. MAGNÍFICA! !! Assim está sua reflexao. Qdo escreve consegue descrever a maioria das pessoas.....somos ingratos com que recebemos, queremos mais, pensamos que merecemos sp mais.... Somos mesmo um saco sem fundo, pior que nunca cansamos de pedir---agradecer às vezes......lamentável/ ////////// abraço Boa tarde

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  3. Está faltando maturidade ...sensibilidade ...e... gratidão!!!
    Sempre bom lembrar...

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