SABER QUEM SOMOS

Somos camadas...

Da superfície para o centro, encontramos muito daquilo que criamos para nos satisfazer ou para nos defender. Camadas protetoras que vão nos impermeabilizando: chega um tempo que nada mais chega ao nosso miolo tamanha quantidade de coisas que se põe a nos proteger.

Houve um tempo que eram sobrenomes: dizendo de qual família era, portas se abriam ou fechavam...

Depois foi a carteirada: sabes com quem está falando?

Aí vieram os sobretudos: roupas de marcas, carros últimos tipos, condomínios fechados...

Tudo para dizer para o mundo quem somos e nos esconder de nós mesmos quem realmente somos.

Ficamos encouraçados e nos escondemos de nós e queremos que os outros nos digam quem somos.

Ai que medo!!!

Queremos, mas tememos porque afinal VAI QUE DIGAM O QUE NÃO QUEREMOS QUE SAIBAM?

Daí tantas peles sobrepostas. Tantos enfeites. Tantos laços de fitas.

Diz uma música (me foge a memória agora de quem) eu vou pagar a conta do analista pra nunca mais ter que saber quem eu sou.

Rompemos com qualquer processo sério para saber quem somos e entramos nessas ondas absurdas de new wave que só querem nos enganar que não somos curados porque não temos fé.

Sei.

Jesus também enfrentou isso.

Convidado à mesa de um fariseu (evangelho de hoje) Ele vai, se senta com toda a liberdade mas não realiza nem Ele nem os seus discípulos o ritual de purificação.

Escândalo!

Como podem comer sem lavar as mãos? ( e atenção, não se tratava de um hábito de higiene, mas sim de purificação para snão contaminar seu interior).

Jesus é um analista dos bons...

Vocês fariseus (e nós também) lavamos copos e jarros, por fora e por dentro, enfeitamos o mundo para parecer menos gasto e esquecemos de limpar o interior, aquilo que ninguém vê mas que agrada a Deus e dá sentido aos outros gestos.

E sem pestanejar mando-os dar esmola aos pobres...

Quando o embrulho é muito enfeitado, pode ter certeza, dentro teremos apenas uma lembrancinha...

Que coisa!

Fiquem bem.