Eles não são dos nossos

Em tempos idos, as diferenças eram resolvidas através de batalhas onde, se sobrepunha ao outro, aquele grupo que tivesse mais traquejo para a luta e para comandar. Quantas não foram as conquistas que se deram a partir desse tipo de luta: SE NÃO SÃO DOS NOSSOS, NÓS OS CONQUISTAMOS E FORÇAMOS A SEREM NOSSOS MANDADOS.

Vencido esse tempo, a Antropologia nos aponta que as "batalhas" passaram a ser dramatizada a partir dos times, das disputas e festivais de luta, dança ou música. Naquele novo terreno, agora representativamente, se conquista a superioridade de um grupo sem necessariamente se sobrepor aos demais.

Os que ainda insistem em manter o esquema anterior, são os que promovem senão a guerra propriamente dita, mas as pequenas batalhas diárias que ouvimos falar nas portas das escolas onde uma gang quer se sobrepor a outra, onde uma facção criminosa ocupa o território da outra, onde um país que se acha no direito de invadir ou destruir a vida e a cultura de um povo.

Aprendemos a lidar com as diferenças no espaço lúdico e isso é bom e isso é saudável.

Posso até tirar sarro dos que não torcem para o meu time, mas o fato do outro time perder hoje não implica dizer que ele será dependente da benevolência daquele que se sagrou campeão.

Fiquei pensando nisso hoje enquanto fazia o programa na rádio pois o evangelho trata da reclamação que vieram fazer a Jesus de que encontraram uma pessoa que fazia milagre em nome de Jesus e não fazia parte do seu grupo. Automaticamente os discípulos repreenderam a pessoa pois entendiam que somente dos do CAMINHO poderiam falar em nome do Senhor.

Essa posição sectária é algo pernicioso e destrutivo. Entra na corrente sanguínea das religiões e faz as pessoas acreditarem que podem e devem para defender sua fé, atacar e descaracterizar a fé dos outros.

Isso sem contar no fato de ainda ter pessoas que imaginam que uma filiação a um grupo religioso é mais importante do que a verdade do interior e portanto, ser religioso basta ostentar um crachá com o nome da religião que se pretende mais verdadeira que as outras...

Jesus surpreende os discípulos e com certeza surpreenderia a muitos em nossos tempos (ainda mais nesses dias de completa falta de senso que toma conta das Igrejas): QUEM NÃO ESTÁ CONTRA NÓS ESTÁ A NOSSO FAVOR.

E não significa dizer que existe uma tensão opositiva onde o CONTRA é quem ensina diferente de nós. Mas sim, quem não está destruindo ou oprimindo as pessoas e o mundo, esses devem ser respeitados porque se fazem o bem, são capazes de fazer por amor. Incluso aqui até aqueles que não professam fé alguma...

Ser a favor de Jesus é muito menos ser contra algo ou alguma coisa e sim a favor da VIDA. Afinal diz ele em Jo 10, 10: EU VIM PARA QUE TODOS TENHAM VIDA E A TENHAM PLENAMENTE.

Mas então porque sou dessa ou daquela religião?

A resposta é a mesma que eu daria se me perguntassem porque torço para esse time e não para o outro: ESSE GRUPO ME AJUDA A CONHECER JESUS E A CRESCER NA FÉ. ESSE GRUPO ME ALIMENTA E ME ENSINA O CAMINHO DA SALVAÇÃO. ESSE GRUPO RESPONDE ATRAVÉS DOS SINAIS (SACRAMENTOS) E DO ENSINAMENTO DA PALAVRA (DOUTRINA) AOS MEUS ANSEIOS E ME DÁ SENTIDO PARA A VIDA...

Aprender essa verdade com Jesus e deixar-se buscar a unidade respeitando a pluralidade é um caminho desafiador, mas cheio de bom senso e pontes que nos colocam em sintonia com Deus e seu amor.

Fiquem bem.

Comentários

  1. Padre bom dia! Linda reflexão, penso que a graça de Deus e sua luz são oferecidas a todas as pessoas e devemos saber aproveitar o que oferecem de bom! Abraços!

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  2. Me senti muito abençoada Padre. Nunca tive preconceito com qualquer outra religião. Sempre entendi que fazer o bem não significa ter rótulos. Amar o próximo não precisa de nome .Jesus é amor. Maravilhoso.

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