JESUS E O CHICOTE

Uma acusação sempre recorrente aos templos cristãos é que acabam, de uma forma ou de outra, transformados em casa de comércio. Para justificar as críticas que nos fazem, tratam de invocam o texto de Marcos 11, 11- 26.

Jesus com o chicote sempre em riste pronto para castigar a todos porque precisamos fazer uma rifa ou um bingo para ajudar a pagar as contas. São os primeiros a nos condenar, mas também estão na fila para serem os primeiros a nunca assumir nada na vida comunitária...

Eu também sonho com uma paróquia que se torne independente financeiramente e consiga atuar e trabalhar e pagar suas contas apenas com o dinheiro do dízimo, que além do que, é bíblico. Mas essa paróquia tem passado longe dos lugares onde tenho trabalhado. Até as mais abastadas, precisam se organizar para dar contas de suas contas...

Mas o que me chama a atenção é a falta de conhecimento bíblico que toma conta de nós quando olhamos para certos textos e queremos extrair deles argumentos que facilitem expressar seus pensamentos.

Em primeiro lugar era fundamental que, na chegada ao templo de Jerusalém, as pessoas que vinham de lugares distantes encontrassem pequenas barracas onde pudessem alimentar suas famílias peregrinas e pudessem encontrar suporte para o descanso de viagem tão longa e dura...

Em segundo lugar o texto diz que Jesus derruba a mesa dos cambistas. Quem eram? Era um grupo de comerciantes bem abastados que faziam câmbio, a troca e colocavam preços nas comidas e produções que o povo trazia do interior fazendo assim um comércio de exploração porque, em troca de muitas sacas de farinha se comprava um par de pombinhas... Era uma exploração muito acentuada e o povo não tinha como fugir desse esquema criminoso.

Em terceiro lugar é importante ressaltar que muitas pessoas motivadas pelo borburinho que se formava na praça do templo iam para lá, ficavam lá fazendo seus negócios mas perdiam a noção do espaço e compromisso religioso. Jesus vai atacar esse tipo de comportamento...

Não se vê Ele irado com chicote na mão com aqueles que estavam ajudando ou cumprindo a função no Templo. E muito menos acusando as pessoas que estavam ali ganhando seu dinheiro suado e com justiça e honestidade.

Vejam que a crítica e a correção de Jesus é contra aqueles que usam o serviço religioso (inclusive muitas igrejas) apenas para amealhar mais recursos com o intuito de benefício próprio. 

E quanto a isso digo com toda a sinceridade: duvido que \Jesus implicará com nossas pequenas festas, nossas rifas, bingos e outras coisas se elas estiverem sendo pensadas e feitas para o bem estar da comunidade a serviço de um trabalho mais coerente de evangelização e com desejo sincero de fazer o bem para as pessoas.

Nesse sentido minha consciência está a disposição de Deus para seu julgamento. Mas sei que se um dia fiz algo que não esteve de acordo, serei cobrado com o mesmo rigor. Mas se fiz para dar vida à comunidade seja na compra de um aparelho, no pagamento das despesas da Igreja, na Evangelização, esse chicote nunca recairá sobre mim...

Fiquem bem.