ENSINA-NOS DE NOVO
Não nos deixávamos falar o Teu nome.
Santidade do Sagrado, impedidos de dizer o quanto o amamos.
Veio teu Filho e com carinho e ternura nos ensinou a dizer PAI NOSSO.
Pediu-nos para quando rezarmos que digamos palavras poucas mas com profundidade:
Pai nosso que estai nos céus...
Pão nosso de cada dia dai-nos hoje...
Palavras que alimentam o corpo e a alma porque ao mesmo tempo que nos sentimos filhos/as nos sentimos chamados a ter o básico para a vida valer à pena.
Rezamos com alegria quando na celebração somos convidados a levantar as mãos para o céu e dizemos com o coração cheio de esperança que o Teu reino pode vir a nós e nos livrar-nos do mal.
Mas nosso barro é de posse. Nossa constituição é de controle. E passados anos desse aprendizado doce que Jesus nos deu, nos apropriamos do nome de Deus de novo e agora não mais usamos uma palavra impossível de se pronunciar mas sim, dizemos que Ele é só meu Pai.
Enchemos a boca para dizer que Deus é meu pai e com facilidade renegamos os irmãos/as: a quem não gostamos, ignoramos. A quem não concordamos, excluímos. A quem julgamos não beneficiário, fechamos as portas. A quem errou, condenamos. A quem se perdeu, achamos melhor esquecer...
O Pai meu ficou uma jóia lapidada com nuances de crueldade... Os barcos com os deserdados são impedidos de atracar e já não podem mais voltar para de onde vieram. Os pobres expulsos das terras e das cidades não têm mais onde ficar. Os doentes dormem nas filas para um atendimento precário onde quem os recebem, os veem como inimigos... Milhares e milhares de caminheiros que perderam tudo e já não podem recorrer a mais ninguém, afinal tiramos o direito de chamarem a Deus de Pai Nosso.
Envergonhadas as nações ditas cristãs se fecham e dizem que é melhor que Deus seja só pai meu porque assim, evita que apareça a exigência de um irmão socorrer a outro.
Já o pão, devemos confessar: nunca foi de fato nosso.
Sempre esteve de sobra na mesa de uns e com migalhas na mesa da multidão faminta que, sem um Pai de todos, não pode reclamar pelo pão.
Não foi à toa que nos ensinastes a rezar ao Pai NOSSO e pelo Pão NOSSO. Muito quiseste nos ensinar. Mas nosso barro não deixou. Achamos melhor nos apropriarmos e nos sentirmos melhores tendo apenas um pai do indivíduo (e diga-se: de alguns indivíduos) e um pão somente dedicado aos melhores...
E assim o que rezamos perde seu sentido porque nem pai e nem pão podem realmente ser nosso se nosso barro não der lugar ao NOVO HOMEM que teu filho inaugurou.
Ensina-nos a rezar de novo.
Mas por favor, não nos deixe cair na tentação de rezar apenas sobre nossas conveniências e interesses.
E livrai-nos do mal do desamparo e do comodismo, da cegueira e da hipocrisia...
Amém.
Boa tarde padre Luís
ResponderExcluirBoa tarde.Sua reflexão do Pai Nosso, é profunda e deveras realista!!!Não adianta rezarmos sem sentimento, essa oração tão humana e generosa.. O que está acontecendo principalmente nesse mundo afora...é vergonhoso e triste demais..Pobres seres, que não possuem mais espaço nesse mundo.,ficam de um local a outro sem poder se estabelecer..Dói na alma, cada vez que assistimos imagens tão cruéis!!!Certos chefes de estado parecem seres demoníacos,que se acham senhores do mal...
ResponderExcluirQue Deus nos ajude, a não sermos hipócritas e cegos como vc bem disse...
Amém
Li, reli.... oração do Nosso Pai, me foi ensinada com profunda sabedoria por um filho iluminado. Deus o abençoe. Obrigada.
ResponderExcluirQue bela reflexão e oração, que toca profundamente a alma e coração e sinto as lágrimas cair. Sendo barro, que nosso amor não seja limitado que não nos preocupemos somente conosco e meia dúzia de pessoas...mais olhar para o nosso irmão e ver nele a presença de Deus do qual somos herdeiros de todo o bem, aqui na terra como no céu. E que o pão da justiça, da igualdade e fraternidade seja mais partilhado. Amém!
ResponderExcluirBoa noite padre. Que reflexão belíssima e verdadeira! Nossa oração não deve ser alienada e nem desvinculada da prática do nosso dia a dia e sim acreditando na possibilidade de um mundo melhor e lutar para construi-lo. Abraço! !
ResponderExcluirTriste. O egoísmo é global- preocupante é a situação mundial. O irmão, o próximo deixou de ser importante....rezam muito e nao analisam o que estao pedindo...."Pai, compadecei de nossas misérias internas e ensina - nos o valor da partilha.Amem"
ResponderExcluirNossa que lindo... chorei...
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