NÃO SE DEIXAR DIVIDIR

Acho que todos nós já passamos por isso: nossa razão diz o que é o certo e aquilo que acreditamos mas nossa prática ou nosso sistema de defesa diz que não vale a pena correr riscos por causa da ideia que trazemos no coração. Não é?

Pois é. Esse momento em que nos dividimos interiormente e nos tornamos escravos do medo (sim, o medo é um senhor cruel que paralisa nossas energias e impede nossa realização) se chama crise. E é nesse momento em que somos chamados a tomar posição.

Isso não quer dizer de modo algum, que se deve tomar posição enquanto se está em crise. Isso temeroso e pode trazer mais malefícios do que bem. Mas é hora em que preciso assumir a minha condição de estar dividido e portanto, estar com brechas para que eu me perca de mim mesmo.

É nesse momento que a volta para o interior, o autoconhecimento, a contemplação e o cuidado com o espiritual nos faz avançar e tomar as decisões nos momento certo e na hora em que for possível, sem deixar por um lado o medo paralisar e sem ficar fragmentado.

O Evangelho de hoje trata justamente disso.

Pedro responde a Jesus o que os discípulos pensam sobre Ele: E VÓS QUEM DIZEIS QUE EU SOU?

A resposta de Pedro alegra Jesus e lhe dá o reconhecimento de que sabe realmente o que está falando e sentindo. Pedro sente que seu coração está no lugar certo, com Jesus é a realização das promessas de Deus e é o Deus vivo.

Mas ainda está no estágio anterior de imaginar que o enviado virá para arrebanhar multidões e infalível estará contra todos os poderes sem nada sofrer. O Messias que Pedro proclama é o Messias da cultura judaica onde não há o que temer, nem o que sofrer...

Jesus reconhece o esforço de Pedro e sabe que ele está sendo sincero e honesto. Mas sabe também que ele precisará de alguns ajustes catequéticos para redescobrir o sentido do Messias a partir do Nazareno, nascido de mulher, filho de uma cidade desprezada por seu valor, amigos dos pecadores, crítico dos sistemas político, econômico e religioso da época e portanto, alvo fácil de ser desacreditado, perseguido, julgado e morto...

Esse aprendizado Ele o faz ali mesmo como um aperitivo ao aprendizado que Pedro precisará experimentar. ESTOU INDO PARA JERUSALÉM E LÁ VOU ENFRENTAR TUDO ISSO, diz Ele.

E o medo fala em Pedro: MUDEMOS ENTÃO DE ROTA PARA QUE ISSO NÃO LHE ACONTEÇA SENHOR...

E Jesus ajuda Pedro a entender que ele está fragmentado e todo machucado, com medo e com insegurança. Se Pedro continuar assim, diz Jesus, ele passará a ser pedra de tropeço que derruba o próprio Senhor e isso tomará conta de seus pensamentos que ele nem se dará conta que acabará pensando como os donos do poder...

Chamar a Pedro de Satanás não significa demoniza-lo e sim, demonstrar que a partir dessa divisão interna ele ficará sempre em dúvida e sem coragem gerando uma fé alienada e incapaz de crer até o final...

Sinto isso muito frequente na minha vida: sei por onde ir e às vezes por medo, comodismo ou inconveniência acabo ficando parado, reclamando e dizendo que nada dará certo. Nessas horas sempre busco em Pedro o modelo: ou fico por medo ou saio junto e aguento a consequência sabendo em quem coloquei a esperança... (2Tm 1, 12).

Fiquem bem.

Comentários

  1. Padre Luis é lindo essa mensagem do evangelho que vc mandou achei lindo lindo

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  2. Como o Salmista peçamos à Jesus o filho do Deus vivo, com toda a convicção do coração pela ação do Espírito Santo. Que tenhamos o Espírito decido em meios aos medos que nos paralisa nos tornando alvo de tropeços.. e assim, impedindo as graças que Deus quer nos realizar.






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  3. Bom dia padre! Suas palavras sempre nos encorajando. Muito bom! Abraços!

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  4. Belíssima reflexão, Padre Luís! A cada reflexão sua, mais me apaixono por JESUS !

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