QUEM SOMOS QUANDO NOS APRESENTAMOS DIANTE DE DEUS?

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A Psicologia das idades nos ensina que existe um período de nossa vida em que não sabemos distinguir quem é o outro e quem somos nós. Na primeira infância a criança observa tudo o que o outro faz e revela sobre o mundo e reage considerando o fato de também ela ser o outro.

Por não existir uma separação, tudo parece ter o mesmo valor e significar as mesmas coisas. Essa simbiose faz com que consideremos nossa unidade com o meio e os outros algo suscetível e bastante pragmático.

Em outro tempo, precisamos do outro para nos dizer quem somos e só nos damos por satisfeitos conosco mesmos, quando obtemos a opinião do outro.

Mas isso é crescimento. Passamos por essas fases e seguimos adiante porque construímos nosso ego e estabelecemos nosso lugar no mundo de modo que não mais precisamos do outro para nos dizer onde estamos e quem somos. Apenas tomamos consciência do eu e ocupamos o espaço que nos é reservado.

Estranhamente nem sempre conseguimos romper com esses esquemas.

Muitas vezes passamos o resto da vida procurando obter aprovação das pessoas sobre nosso eu ( e em tempo de facebook com tantas curtidas ou não curtidas isso se evidencia) para nos sentirmos bem e ficamos sempre na dependência daquilo que o mundo diz que somos e nunca daquilo que realmente somos e podemos fazer.

Na espiritualidade isso acontece também...

Muitas vezes nos dirigimos a Deus estabelecendo um modelo de comparação para que Ele goste de nós pelo que nós não fazemos igual aos outros. É como se pedíssemos para que DEUS CURTA NOSSA PÁGINA OU FOTO NO FACEBOOK...

Leia com calma Lc 18, 9- 14 que é o texto litúrgico que nos motiva nesse sábado.

Dois homens estão no templo para rezar.

Um reza dizendo que ele não faz como o outro que tem mil defeitos e erra muitas coisas na sua vida. Numa linguagem moderna poderíamos dizer que está apresentando seu portfolio tentando convencer que é melhor profissional que o outro. 

Mas observem: ele não diz nada daquilo que realmente sabe a seu respeito. Diz apenas que não faz como os outros que são muitas coisas ruins...

Não saber quem se é e não ter consciência do seu potencial é a maior das cegueiras... É um estranho para si mesmo e quer vender-se a Deus como sendo um bom filho...

Mas o outro, calejado pela vida, toma a palavra com seus sentimentos mais humildes e coerentes. Não levanta nem os olhos tamanha a vergonha que tem daquilo que fez e das coisas que deixou de fazer. E só consegue proclamar seus erros confiando na misericórdia de Deus.

Esse, não está preocupado em postar fotos bonitas da sua vida para se descolar dos demais. Quer apenas e tão somente a chance de recomeçar. Para isso sabe quem é (tem consciência dos erros e deficiências) e sabe quem Deus é (bondoso e compassivo).

Voltar para a casa justificado deveria ser nossa meta de vivência cristã.

Não buscar a aprovação tentando criar a ilusão de que, já que não somos como os demais, não devemos ser julgados. Além do mais, nada sabemos a respeito de nós mesmos.

Crescer é a palavra de hoje.

Fiquem bem.

Comentários

  1. Perfeita sua reflexão! Em tempos de face/// elevado amor próprio /// esquecem de analisar o 'eu' verdadeiro. Tentar transformar num ser mais independente de opiniões alheias - procurar nao criticar outras pessoas pode ser uma forma crescer...

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  2. Tiramos quatro lições dessa parábola:
    *Religiosidade não significa nada p Deus,senão brotar do coração sincero, e se não estiver de acordo com Sua vontade
    *O orgulho acaba com a nossa vida espiritual
    *Reconhecer que somos pecadores,conseguimos a misericórdia de Deus
    *Deus não vê a aparência ..Ele vê o coração.
    O fariseu que aparentemente era justo,tinha uma capa de egocentrismo e hipocrisia em seu coração.O cobrador de impostos se via como o pior dos pecadores..Assim agradou a Deus, com sua sinceridade e humildade.Temos muito a aprender....

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