OLHAR COM MAIS CLAREZA

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Falo para vocês do que já vivenciei: em certo círculos cristãos ler a parábola do homem rico e do pobre Lázaro cria um mal estar que assusta quem ouve e a quem presta atenção, causa desconforto.

Pois hoje somos convidados a ler e meditar essa parábola (Lc 16, 19- 31).

A cena é conhecida de todos: duas pessoas morrem. Uma vai para o céu e outra para o tormento. O rico (sem nome) olha do seu lugar eterno e repensa a sua vida enquanto o pobre (que tem nome) recebe uma espécie de compensação por tudo o que sofreu na vida.

É bom sempre localizar o tempo em que estamos: a ideia de que nosso abastamento cercado de consumo desenfreado é para muitos, algo indiscutível. Não querem conversar sobre viver uma vida mais simples e muito menos ter uma compreensão social que parte da justiça. Ignoram qualquer apelo para diminuir o consumo e veem-se felizes, apenas e tão somente, enquanto estão identificadas com coisas e produtos.

Nesse contexto nefasto que vai criando raízes em nos e nas novas gerações fica completamente inviável discutir para se repensar a vida. O que dizem (e esse argumento para mim é falacioso) é que eles têm direito de viver assim e quem não tem, que se vire nos 30...

O texto, para além de nos colocar medo, quer criar em nós um grau de reflexão para que entendamos o significado da vida e os riscos que corremos em perdermo-nos de nós mesmo aqui e depois. É o caso do homem rico que, sem nome, não criou nenhum identidade enquanto estava neste mundo e depois, não pode mudar suas opções.

Talvez nem se queira que mudemos tudo de uma vez. Nem sei se isso é possível de acontecer.

O que Jesus quer é criar um desconforto onde cada um, a partir do seu contexto e em posse das suas opções, reflita sobre o que vale mesmo a pena: viver sem ser quem se é ou ser quem se é e às vezes não estar nos banquetes e festas da moda.

Porém não caiamos numa dicotomia moral simplista: existem pessoas que, donas de suas posses, conseguem priorizar o que vale a pena e vivem com preocupação de deixar algo bom para os seus e para os mundos. Como existem pobres que nunca irão aos banquetes e festas, mas também nunca se perguntaram sobre o que fazem com suas vidas e como andam na direção de Deus.

O caminho é a reflexão, o autoconhecimento e a disposição de aprender. Daí ouvir a Palavra com o coração e dispor-se a andar com retidão.

Questionar-se sobre o que anda sobrando em si e serve como um disfarce para esconder seu verdadeiro eu é um bom começo. Bora?

Fiquem bem.

Comentários

  1. Excelente reflexão!!!Nem o rico honesto, e nem o pobre tem garantias de salvação,..mas ambos suscitam atitudes éticas, que podem facilitar, ou dificultar a procura por Deus...Como vc bem disse :primeiro temos que descobrir, como anda o nosso verdadeiro eu,...ter disposição em aprender e viver com retidão...

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  2. É um trabalho que exige força de vontade coragem.

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  3. O bonito desse evangelho é que Deus chama o mendigo discriminado, rejeitado pelo nome.
    Enquanto o homem rico é identificado pelo seus belos banquetes, pelo o consumismo, egoísmo que se torna impiedoso. Jesus nos chama pelo nome e guarda o nosso lugar no seio de Abraão. Cabe a nós escolher o caminho.

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