O FOCO É O REINO

Logo que cheguei em São Gabriel da Cachoeira, lembro-me que tudo era novo e tudo tinha gosto de descoberta. Na verdade era mesmo pois além de conhecer pessoas verdadeiramente novas, num ambiente novo e sem nenhum laço afetivo anterior com ninguém, estava a mais de 5 mil quilômetros da minha zona de conforto.

Um dia conversando com um padre que já estava lá fazia anos e era uma espécie de articulador de toda a vida financeira da diocese, ele me disse: QUANDO FORES A UMA COMUNIDADE RIBEIRINHA ELES SEMPRE VÃO SE MOSTRAR AGRADECIDO POR VOCÊ TER IDO ATÉ ELES. A ROTINA DA COMUNIDADE VAI MUDAR POR CAUSA DA SUA VISITA. TODOS VÃO FESTEJAR SUA CHEGADA. E SEMPRE VÃO OFERECER O QE TEM DE MELHOR PARA SEU CONFORTO: SE TIVEREM COMO MATAR UM BICHO DE CAÇA VÃO TE OFERECER. SE TIVEREM UM PEIXE VÃO POR À MESA. MAS SE TIVEREM SÓ BISCOITO ÁGUA E SAL TAMBÉM DIVIDIRÃO COM VOCÊ. E pra completar me disse: NÃO OLHE APENAS O QUE ESTÁ SENDO OFERECIDO. OLHE A ALEGRIA DE QUEM OFERECE.

Aquela conversa com o Pe. Jorge abriu minha mente e foi fundamental para que eu pudesse redimensionar o sentido da acolhida e gratidão.

Jesus também deve ter vivido isso na sua missão e fez questão de papear com os discípulos na intenção de ajuda-los a perceber o mundo a partir de outro referencial.

No texto de hoje (Mt 10, 7- 15) Jesus trata de 3 ensinamentos necessários e válidos para a vida de fé do discípulo e missionário:

A) AS AÇÕES DEVEM FAZER REVERÊNCIA AO MAIS IMPORTANTE: O REINO DE DEUS ESTÁ PRÓXIMO: as coisas boas que a ação de missionária pode e deve produzir só faz realmente sentido quando aponta e revela a presença do Reino. Talvez isso seja difícil do discípulo aprender pois ser "astro da fé" parece mais vantajoso do que ser colaborador de um projeto que passa pelo Reinado de Deus. Tudo o que ele for capaz de fazer de bom (curar doentes, livrar do espírito mal, etc) só tem verdadeiro vigor quando dito para que o Reino se achegue.

B) PROCURE NÃO TER NADA QUE LHE PRENDA A COISAS E PESSOAS: Jesus tem um jeito radical de dizer que a vida do discípulo precisa ser livre. E parece que pra época (e acho que até hoje) temos a tendência de nos prender às coisas. Queremos segurança pra poder executar a missão e queremos ter retorno fácil daquilo que fazemos.

C) ONDE CHEGARES DEDICA-LHES A PAZ: o discípulo vai movido pelo sonho de coisa boa, de resgate da dignidade e de esperança que outros também sonhem. Por isso a paz precisa encontrar desejo de ser desejada por quem chega e eco acolhedor de quem recebe. O consolo: caso ninguém ali queira a paz desejada ela voltará para quem a deu.

Resultado de imagem para pessoas com alegria em acolher

Aprender a dinâmica do Reino é o grande desafio do nosso tempo.

Aceitar a possibilidade de fazer valer a grandeza da mensagem e não do aplauso e ou do dinheiro oferecido.

Garantir que o mais importante é despertar as pessoas para aceitarem o sonho bom de que paz (e paz para o judeu tinha a ver com capacidade de bem viver) seja desejado de coração sincero e acolhido com desejo sincero de fazer multiplicar.

Esse evangelho nos move para dar e receber com o espírito genuíno do Reino. Sem colocar valores, sem bloquear sonhos, sem estipular recompensa. Apenas amar...

Fiquem bem.

Comentários

  1. Reflexão maravilhosa! Ensina seguir em frente sem ter medo das mudanças de vida, o desapego que pode ser por objetos ou pessoas(dificil), e a paz --tão sonhada ! Paz de alma/espirito. O `amor´ só ele pode fazer isso. Bomdia.Abraço

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

TEMPO NOVO