O NOIVO AINDA ESTÁ CONOSCO

Jesus tratou logo de dar uma dimensão comunitária para a sua missão. Constituiu um grupo de homens e mulheres que, além de lhe fazer companhia, gerava Nele o ato pedagógico de ensinar como fazer o trabalho missionário: EIS QUE EU ENVIO VOCÊS...

Nesse grupo, como em qualquer outro, as diferenças são bem vindas e as dificuldades aceitas a priori. Não há uniformidade e muito menos busca pela padronização. As pessoas podem ser quem são e descobrir o que a presença de Jesus e a sua mensagem lhes inspira como convite à vida nova.

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Outra característica de um grupo é o controle que se pretende sobre seus membros. E é desse controle que nasce as regras em demasia que geram uma superprodução de NÃOS esquecendo-se do bem maior.

O texto de Mt 9, 14- 17 que lemos nesse sábado é um bom exemplo do quanto Jesus está além disso e o quanto as comunidades precisam aprender o que é a essência do seu grupo para não se perder com penduricalhos excessivos.

Os discípulos de João questionam o fato deles e dos discípulos dos fariseus levarem a sério a regra do jejum e os do grupo de Jesus não fazerem...

O que está por trás desse comentário são os dois elementos que disse acima: uniformizar e controlar.

Jesus não tem nada contra o jejum que é por sinal uma prática bíblica e piedosa. Mas em quais momentos e com quais propósitos?

Sim porque ficar sem comer apenas como um esforço de controle da vontade talvez tenha algum sentido numa dieta, mas não chega ao coração de Deus. Daí a resposta em forma de questionamento: é possível se fazer jejum numa festa enquanto o noivo ainda está presente?

Lembrando que as festas de casamento da cultura de Jesus eram demoradas e cheias de sentido a partir da mesa dos convivas, significa perguntar: VAI SE DE DEIXAR DE COMER ENQUANTO SABEMOS QUE A FESTA ESTÁ ACONTECENDO?

Incoerente, diria Ele...

A prática do jejum começa quando o noivo sai e a tristeza da ausência motiva uma retração não só das emoções mas também da vida física e espiritual.

Devemos praticar o jejum mas devemos direcioná-lo: o que o meu esforço gera de vida além de mim? Quando abro mão de um alimento (seja por qual motivo for) o que ele gera em favor da vida que continua ao meu redor? Como fazer do jejum uma prática solidária?

Alguns já aprenderam essa dinâmica e investem nesse caminho. Isso é o desejável pois sabemos que o noivo está sempre conosco. Viva a vida!!!

Porém cabe uma outra leitura.

Vocês já perceberam quanto que nos esforçamos para sair das situações que nos desagradam?

Iniciamos correntes de oração, jejuns infinitos, busca de respostas imediatas e queremos porque queremos sair da situação em que nos encontramos.

Isso talvez seja um sinal de que ainda não aprendemos a aproveitar os momentos com toda a intensidade que eles trazem e merecem.

Não digo que devemos gostar de ficar maus ou doentes ou em situações periclitantes.

O que digo é: o que estou vivendo pode me ensinar? como posso sair disso melhor do que entrei? como lidar com isso sendo quem sou? como viver a vida com a capacidade de sorver tudo o que ela me apresenta, sem temer sem vacilar?

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Talvez aqui esteja o jejum mais efetivo e eficaz...

Fiquem bem.

Comentários

  1. Bom dia,bela reflexão !!!Vc nos ensinou não só a fazer o jejum ,mas tb fazer disso uma prática solidária...Isso foi muito enriquecedor!!
    Tb por outro lado,podemos pensar,que estamos vivendo num mundo conturbado,convém renovar nos a cada dia,com o espirito de Jesus,desprendendo-nos de nossas rotinas ,e jejuando de tudo aquilo, que nos impeça de avançar,a uma identificação plena com Cristo!!

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