QUANTA RIQUEZA NO SIMPLES FATO DE SER GENTE
Nada que seja realmente humano pode ser catalogado e definido como sendo igual para todo mundo. Muitos já tentaram. Impérios se aventuraram a isso e ruíram. Religiões se propuseram a isso e perderam sua importância social. Famílias e Estado fracassaram no objetivo de querer que tudo seja igual para todos.
Os mais conservadores e saudosistas da força tática dirão que é uma pena...
Os mais cheios de bom senso reconhecerão que isso é salutar e traduz a riqueza do que somos e temos...
Procuro atuar nesse segundo grupo: bem vinda a diferença e a riqueza da diversidade.
Fiquei pensando nisso enquanto voltava do velório de um senhor que faleceu essa noite aqui na paróquia e meditava o texto bíblico (Jo 20, 1- 2. 11- 18) que motiva a liturgia desse sábado.
Olhando o corpo do falecido e os sentimentos que permeavam o rosto dos presentes no velório pensei na generosidade dos encontros que a vida nos proporciona. Uns choravam um choro triste e doído. Pareciam sentir a perda de um membro do seu corpo. Outros tinham o rosto abatido e severamente condenava qualquer palavra de esperança que pudesse ser dita naquela situação. Outros apenas estava lá e não pareciam afetados nem pela morte do fulano e nem por pensar na sua própria...
Mas todos estavam reverenciando a vida de um senhor de 76 anos e as lutas que travou no seu tempo na terra...

O texto de João fala também da morte. A morte de Jesus e o modo como esse acontecimento afetou a todos os que conviviam e souberam do acontecido.
Ele destaca Madalena, Pedro e João: os três apóstolos de Jesus e portanto, do grupo mais próximo do Mestre. Mas percebemos que o acontecimento fundante da morte e da ressurreição de Jesus os afeta de modo completamente diferenciado e inusitado.
Madalena é apóstola que vai cultivar a saudade e demonstrar o quanto foi importante os encontros que teve com Jesus, suas palavras, seus gestos, seus ensinamentos e tudo o que pode aproveitar da sua convivência com Jesus...
Pedro é apóstolo sabedor de coisas e pedra fundante do grupo. Age com certa cautela e traz o peso da ortodoxia. Crê, mas sua fé passa pelo crivo dos fatos. Por isso anda devagar...
João é apóstolo amado e esteve com Jesus até a agonia final. Recebe a Mãe como sua e é ofertado representando a todos como filho da Mãe de Jesus. É profundamente apaixonado pela proposta de Jesus e age com intuição e curiosidade sabendo que, para além das provas, está a confiança...
Os três vão buscar alimentar-se de sentido: a dor da perda os fazia sofrer mas sabem que apostaram suas vidas em algo que realmente vale a pena. Precisam de alimento, de esperança, de confiança e é nisso que apostam...
Não tem problema não reagem da mesma forma.
O que interessa é que estão na busca e não se acomodam com as verdades acabadas e fechadas em si mesmas. Querem mais e buscam descobrir o mistério da fé aceitando o chamado.
Riqueza da Igreja se souber despertar nas pessoas não a uniformidade dos sentimentos e necessidades, mas a originalidade da busca e da entrega que cada um pode fazer a partir do seu contexto e da sua espera...
Infeliz da comunidade que se fechar a isso e determinar que só se pode ser seguidor de um jeito...
Perderá pessoas e o pior, perderá a força do Espírito que anima e orienta os passos de quem quer Deus...
Fiquem bem.
Boa tarde. O texto, a música e o quadrinho que vc postou falam do mesmo tema, dessa pluralidade que nos cerca, não pensamos nem agimos da mesma forma numa determinada situação..cada um tem sua maneira de se manifestar diante do que está acontecendo. Isso é bom, muito bom pois, podemos mudar de opinião, aprender ou ensinar, acolher ou ser acolhido, nada está pronto----tudo pode ser mudado em nossa casa, na nossa comunidade.... Sempre ótimo seus textos.Grata
ResponderExcluirA diversidade nos enriquece em todos os sentidos,quer seja no lado espiritual,étnico ou cultural!!!
ResponderExcluirViva a diferença.!!!