ILUMINA-ME
O processo de aprendizagem na fé exibe dois movimentos que devem estar interligados e ao mesmo tempo, devem de abastecer mutuamente pois dessa dinâmica é que nasce a capacidade de compreender mais e melhor e acreditar com profundidade perene.
O primeiro movimento é o da aprendizagem das verdades de fé ou o que chamamos de doutrina que versa sobre os conteúdos daquilo que se crê. Saber os conteúdos é um grande passo para nossa adesão a Jesus e saber o porque se crê é com certeza um grande dom pois nos tira de duas tentações muito constantes: ou ficamos presas fáceis a outros ensinamentos ou cremos de um modo estático e imóvel.
O segundo movimento é o desvelamento da fé. Aquilo que creio em verdade formulada pelo Depósito da Fé eu busco descobrir e experimentar na minha vida com a intensidade de quem tem os olhos iluminados e permanece na luz para não se afastar da verdade que se sente e crê.
Os dois movimentos são indispensáveis.
Por motivos inúmeros durante toda a história do cristianismo a Igreja tendeu a fazer uma super valorização de um deles abandonando o outro e consequentemente, diminuindo o poder da fé.
Muito sabiamente, a liturgia nos faz sempre um convite a voltarmos a essa dupla movimentação a fim de burilarmos esses conteúdos da fé.
Hoje é um dia desses.
Celebramos a Apresentação do Senhor e percebemos esse processo que acabei de descrever perfeitamente em ação.
Simeão era um homem que conhecia a fé, sabia das promessas de Deus aos seus antepassados e sabia como Deus era fiel. Conhecia porque estava no templo e dia e noite, mantinha acesa a chama dessa fé.
Mas foi Maria e José, trazendo o pequeno Jesus nos braços para ser apresentado que fez com que o véu se descortinasse e ele pudesse enxergar a salvação que vem de Deus.
Enxergar a salvação não é um processo apenas racional ou intelectual. É preciso experimentar na sua vida uma descoberta que ajuda a fazer sentido para tudo o resto.
Daí a clareza da fé: a luz da salvação que vem de Deus ilumina minha experiência de fé a ponto de fazer-me acreditar não mais em quantidade mas em qualidade experiencial.
Nosso tempo é cheio de contradições e a Igreja, infelizmente não conseguiu ainda entender a dinâmica do coração do crente dos nossos dias.
Ora faz enormes documentos que elaboram a fé de modo irremediável. Ora permite a abdicação desses ensinamentos fazendo com que valha somente a experiência emocional da fé... com isso temos uma geração inteira de cristãos que não enxergam a salvação que vem de Deus...
Nosso dever é descobrir uma linguagem e uma expressão da fé que comporte esses dois movimentos e faça com que os cristãos consigam viver sua fé com liberdade e profundidade, com conteúdos explícitos da fé e com experiências profundas da mesma.
Para isso, o desafio está em encontrar essa dosagem de razão e emoção, de aprendizado de conteúdos e de experiências sensitivas da fé.
Mas também, o desafio está em despertar os cristãos e cristãs como aconteceu com Simeão para querer viver essa dinâmica. E talvez esse seja o maior obstáculo...
Arrisquemo-nos nessa missão.
Fiquem bem.
Lindo texto.
ResponderExcluirFé e Conhecimento. Ambos se completam.
Precisamos despertar
para essa realidade,
senão passaremos a
vida afogando a Fé em
nossa passividade na
busca do conhecimento.
O Cântico de Simeão expressa a Fé de um Homem justo e profeta; de ver á realização das promessas de Deus a se cumprir p/ que nele espera, e nele confia, e com alma plena do Espírito Santo ele Bem- diz ao senhor, e proclama o que se cumpriu... E hoje somos iluminados por essa luz que é JESUS.
ResponderExcluir