QUEM É ELE PARA MIM?

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Jesus tinha uma pedagogia extremamente consciente. Falava sabendo quem eram seus ouvintes e partia do universo simbólico que essas pessoas tinham para poder expressar aquilo que Ele trazia de boa- nova.

Por isso não é de se espantar que para falar da força do Reino fala do devir da semente.

Para expressar singeleza fala das roupas dos lírios dos campos.

Para falar da má vontade em acolher o Reino conta a história dos vinhateiros maus que se sentem donos da vinha.

Muitas são as expressões que podem nos ajudar a fundamentar o que acabei de afirmar.

Mas Jesus também tinha um movimento interno que (imagino eu) o ajudava a se expressar com maior completude. Quando falava com grandes multidões ou com grupos de pessoas que estavam apenas curiosas em aprender o que ensinava, falava com generosidade e abertura a ponto tocar-lhes o coração.

No entanto, quando estava com seus discípulos (aqueles que já haviam optado pelo seguimento) falava com maior objetividade mostrando a direção do seguimento e as consequências de estar ali com Ele.

Essa dinâmica, própria de quem saber ser ouvido e respeitado, faz com que Jesus possa difundir seus ensinamentos com níveis diferentes de atuação: para os que estão fora, palavras que possam chamar a curiosidade e despertar a vontade de conhecer mais e ir além. Para os que já estão dentro, alimentando a espiritualidade e a mística para enfrentar os desafios.

Por isso que o texto em que Jesus pede para os discípulos informar-lhe sobre o que dizem sobre Ele é importante: porque expressa esses dois movimentos.

Em Mt 16, 13- 19 percebemos que a opinião embaralhada que as pessoas têm sobre Jesus não lhe causa nenhum tipo de inconveniente. Ele sabe que as pessoas que só ouviram falar ou viram Ele atuar numa cena vão acabar se confundindo e criando fantasias a seu respeito. Tanto é verdade que, segundo a resposta dos discípulos, todos confundem Jesus com alguém que fora importante mas que já havia morrido...

Para essas pessoas e natural a confusão e Jesus talvez até tenha dado a chance de pensar sobre o que falam justamente para identificar os desafios pastorais que a comunidade deve enfrentar para desempenhar seu ministério evangelizador.

Porém para os discípulos a resposta precisa ser um pouco mais precisa e profunda.

E vós quem dizeis que eu sou???

Os que estão perto, que rezam junto, que se sentam à mesa para as refeições, que ouvem coisas que os outros não ouvem, que não se afastaram quando ouviram falar sobre a cruz, etc... o que dizem sobre Jesus?

Pedro ( a imagem da Igreja que desperta para o ministério apostólico) declara a verdade TU ÉS O FILHO DE DEUS VIVO, O MESSIAS. A Igreja precisa se calcar sobre verdades que alimentem o seu seguimento. E daí a manifestação de Jesus sobre a chaves dos céus para ligar e desligar...

O nível de consciência do povo é a manifestação do desafio pastoral que a comunidade deve abraçar e enfrentar.

A consciência dos seguidores de Jesus deve ser calcada sobre uma verdade que alimenta os passos no caminho.

Mas não pode haver exclusão de níveis: quanto mais a Igreja se sente com a chave nas mãos, maior deve ser seu empenho em ajudar outros a descobrir quem é o senhor.

Por isso nosso esforço humano, pequeno e frágil mas generoso e cheio de vida: buscar aperfeiçoar Cristo em nós para que sejamos capazes de demonstrá-lo ao mundo e atrair novos seguidores.

E vós quem dizeis que eu sou???

Fiquem bem.

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