E A DIGNIDADE DA MULHER ONDE FICA?
Concordo com alguns leitores que me escrevem no reservado e pedem para não serem identificados. Às vezes assumir o papel de quem reflete é angustiante e traz uma série de rejeições. Geralmente quando fazemos esse papel somos considerados chatos e incapazes de ser leves com os assuntos mais amenos. Mas refletir significa aprofundar aquilo que se pensa e portanto, fazer valer o conhecimento que se tem sobre algum assunto.
Lembro-me que quando escrevia em outro blog uma vez uma mãe me disse angustiada que minha reflexão sobre o papel das mães tirou a alegria que sentiu quando fora homenageada pelos filhos na escola.
Lamentei. Mas não podia ser diferente.
E lamento hoje se meu post sobre o DIA INTERNACIONAL DA MULHER não for para oferecer uma poesia chorosa ou mesmo para repetir todos os jargões que foram ditos à exaustão no dia de hoje. Mas precisamos aprofundar (=refletir) o tema para não cairmos nas armadilhas que estão em todo lugar.
Queria voltar um pouco no tempo. Idade Média nas cortes europeias.
Era práxis corrente para não entediar as mulheres da corte que os nobres lhe oferecessem presentes constantes para que se sentissem amadas e não reclamassem que por algum motivo, suas vidas estavam estacionadas na vaga COADJUVANTE. Muito comum oferecer belos presentes que funcionavam como uma compensação para seu silêncio e adesão ao projeto masculino.
Também o modo de sedução nessa época passava pela estrada dos presentes. Receber um corte de seda ou uma joia era a forma que a mulher tinha de saber que era desejada.
Nas cortes francesas e britânicas as mulheres do palácio também eram presenteadas como forma de garantir que seus maridos pudessem ter outras fora do casamento. Com uma joia se comprava a absolvição e a concordância com a prática sexual desenfreada.
Passam os tempos e o modus operandi continua.
Homens e sociedade em geral transforma a mulher no objeto cortejado a ser dignificado com presentes que poderiam justificar todas as outras negações que as mulheres sofrem no dia a dia.
Mas o dia da mulher é dia de luta...
Nasceu da experiência de um grupo de mulheres que fizeram greve para melhorar as condições de trabalho e por causa de um incêndio, foram todas mortas no local onde faziam a manifestação.
Instituído o dia para celebrar a luta dessas corajosas mulheres voltamos à compra do silêncio das mulheres e da absolvição do sistema paternalista...
Flores, poesias, jantares, homenagens nas rádios e tvs e tudo para simplesmente deixar com que as mulheres continuem sendo coadjuvantes e dependentes da autorização social para que ocupem o lugar que realmente lhes pertencem.
Mulheres entediadas na corte compradas com joias e sedas finas.
Mulheres sem igualdade de condições de trabalho, de salário, de respeito por seu corpo, de jornada dupla de trabalho, de violentadas em casa e na rua, mortas em nome da honra, cedem ao caprichoso do macho moderno e se entrega à encenação de que todos lhes são gratos.
E tudo em troca de nada...
Gostaria que fosse diferente, mas não é...
Fiquem bem.
Que pena,..praticamente nada mudou...mas elas continuam lutando contra a dominação patriarcal,contribuindo de maneira discreta ,porém efetiva,p/ a transmissão da vida,conhecimento da fé e do bem viver em família...
ResponderExcluir